PF investiga médico por retirar sofá e computador de clínica na Santa Casa
A PF (Polícia Federal) abriu inquérito na sexta-feira para investigar o médico Marco Antônio Duarte Cazzolato pela retirada de móveis e computador da clínica particular Ceon (Centro Especializado em Oncologia), que funciona na Santa Casa de Corumbá.
De acordo com o delegado Alexandre Nascimento, a PF recebeu denúncia anônima de que bens adquiridos com dinheiro público, como sofás, cadeiras e computadores, foram levados pelo médico.
“Nós fomos ao local, constatamos a situação, mas não tinha prova cabal de aqueles bens eram públicos”, afirma o delegado. Segundo ele, a falta de prova também impossibilitou a prisão em flagrante. É apurado se houve crime de peculato, quando funcionário público se apropria de bem público.
“O Ceon tem convênio com o SUS e recebeu quase R$ 1 milhão para a estruturação do serviço”, salienta o delegado. O inquérito vai apurar se os móveis retirados foram ou não adquirido com verba pública. Segundo Nascimento, o médico deve prestar depoimento amanhã.
Alvo da investigação, o cirurgião-geral e oncologista Marco Antônio Cazzolato afirma que retirou um jogo de sofá e duas cadeiras. “Mas tenho nota fiscal dessas mercadorias em nome da Ceon Corumbá”, diz.
O médico reclama que é vítima de perseguição política, que teria forçado, inclusive, a antecipação do fim de contrato entre o grupo, que oferta o tratamento para quimioterapia, e a Santa Casa.
“É uma empresa terceirizada para a Santa Casa. Não tenho convênio com a Prefeitura nem com o Ministério da Saúde. O meu contrato é com a Santa Casa de Corumbá”, reitera.
Marco Antônio reclama da conduta policial. “Me deu voz de prisão por peculato. É um despreparado [ o delegado]. Aqui é tudo particular”, diz.
A Ceon vai deixar a Santa Casa até 21 de abril. Segundo o médico, o comodato era por 20 anos e ainda restavam 12 anos do prazo. “O contrato previa a renegociação anual. Mas, para a gente ir embora, ofereceram 30% do valor solicitado”, afirma. A previsão é que o Ceon feche as portas em 17 de abril.
O médico diz que tem abaixo-assinado com 13 mil assinaturas pedindo a manutenção do serviço e, que até o momento, não foi anunciado quem assume o setor. “É uma tentativa covarde de nos retirar daqui, mesmo com a população toda ao nosso lado”. Ele afirma que uma clínica especializada em hemodiálise segue funcionando nos mesmos moldes do Ceon dentro da Santa Casa.