Interior

Pesquisa sobre fome em áreas indígenas será apresentada em Brasília

Documento “O Direito Humano à Alimentação Adequada e à Nutrição do povo Guarani e Kaiowá” será lançado dia 16, na UnB

Helio de Freitas, de Dourados | 10/08/2016 12:27
Índios acampados na região sul de MS (Foto: Agência Brasil)
Índios acampados na região sul de MS (Foto: Agência Brasil)

Estudo elaborado por uma organização internacional de direitos humanos sobre a insegurança alimentar de índios guarani-kaiowá de três acampamentos montados em áreas ocupadas no sul de Mato Grosso do Sul será apresentado na terça-feira (16) em Brasília.

Conforme o documento “O Direito Humano à Alimentação Adequada e à Nutrição do povo Guarani e Kaiowá – um enfoque holístico”, a dificuldade de acesso a alimentos em quantidade e qualidade adequadas, de 22,6% em todo o país, chega a 100% nas comunidades Kurusu Ambá em Coronel Sapucaia, Ypo’i em Paranhos e Guaiviry em Aral Moreira.

O resumo executivo do estudo será lançado às 13h do dia 16, no auditório 1 da Faculdade de Ciências da Saúde, da UnB (Universidade de Brasília). O estudo foi feito pela Fian Brasil, uma seção da Fian Internacional, que trabalha há 30 anos pelo direito humano à alimentação e nutrição adequadas.

Conforme a assessoria da Fian, o documento traz a análise das violações de direitos e suas diferentes causas, responsáveis pela situação de insegurança alimentar e nutricional dos guarani-kaiowá em Mato Grosso do Sul. A pesquisa começou em 2013 e foi feita em 96 domicílios das três comunidades indígenas.

Crianças e jovens – Conforme a pesquisa, em 76% dos domicílios a pessoa entrevistada afirmou que no mês anterior a setembro de 2013 houve ocasião em que crianças e jovens da casa passaram um dia todo sem comer e foram dormir com fome, porque não havia comida.

Já em 82% dos domicílios a afirmação era de que esse grupo comeu menos quantidade de comida do que julgava ser necessário, porque não tinham recursos para comprar alimentos. Em 80% das residências a pessoa entrevistada afirmou ter comido menos para deixar comida para as crianças.

Para a Fian, além das disputas pelo direito ao território, as violações identificadas na pesquisa são reflexos também da discriminação contra o povo guarani-kaiowá.

“Geralmente, as violações de direitos dos povos indígenas acontecem em razão de sua identidade cultural. Essa violação abre portas para negação de outros direitos, incluindo o direito à alimentação e à nutrição adequadas. São violações históricas, de responsabilidade das três funções do Estado brasileiro”, afirma a secretária geral da Fian Brasil, Valéria Burity.

A publicação será lançada pela Fian Brasil e pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). Lideranças indígenas, pesquisadores da Unicamp, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição e da fian Internacional devem participar.

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