Interior

Mulher feita escrava foi atraída por vaga de emprego em escritório de advocacia

Ela foi mantida em uma chácara por 6 meses fazendo trabalhos domésticos sem qualquer tipo de pagamento

Geisy Garnes | 05/05/2021 11:19
Foto tirada pela vítima mostra machucado em braço após agressão de patrão (Divulgação/PCMS)
Foto tirada pela vítima mostra machucado em braço após agressão de patrão (Divulgação/PCMS)

A mulher de 56 anos encontrada em situação análoga à de escravidão em Água Clara, cidade a 198 km de Campo Grande, é advogada e foi atraída para Mato Grosso do Sul por uma falsa proposta de emprego em escritório de advocacia. Ela foi mantida em uma chácara por 6 meses fazendo trabalhos domésticos sem qualquer tipo de pagamento.

A polícia chegou até a vítima através de uma denúncia anônima. No local, policias foram recebidos pela mulher que confirmou a denúncia. Segundo o delegado Felipe Madeira, a advogada explicou que é da Bahia e foi convidada pelo proprietário da chácara para trabalhar em um escritório de advocacia em Água Clara.

Ela aceitou a proposta e veio para Mato Grosso do Sul. Quando chegou na cidade, no entanto, foi forçado a trabalhar como doméstica. Para a polícia, a advogada relatou que fazia serviços extenuantes sem receber nada por isso. Contou ainda que o proprietário do local era agressivo e chegou a cortar o braço dela com uma faca durante um surto de raiva.

Para provar o crime, mostrou fotos do antebraço machucado e do para-brisa de uma caminhonete quebrado pelo homem no mesmo dia. Ainda segundo a mulher, o dono da chácara tinha muitos contatos, por esse motivo tinha medo de fugir. A situação durou seis meses.

A vítima foi resgatada junto com o cachorro de estimação, um Border Collie. Segundo apurado pela reportagem, após ser salva, ela deixou a cidade.

Nesta manhã, a OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul) se manifestou sobre o caso e pediu rigorosa apuração dos fatos. “A OAB/MS cobrará energicamente a apuração sobre os fatos que envolvem o caso. Escravidão é inadmissível, sob qualquer tipo de circunstância, inclusive queremos entender porque não foi feita a prisão em flagrante da pessoa que a trouxe de outro Estado”, frisou Mansour Elias Karmouche, presidente da Ordem.

Ao Campo Grande News, o delegado explicou que não havia indícios que comprovassem a versão apresentada pela vítima e a lesão narrada por ela já havia acontecido há mais de um mês, por isso não cabia prisão em flagrante no caso. Por isso, foi instaurado inquérito polícia para apurar detalhadamente o crime.

O suspeito também foi chamado para depor nesta manhã e negou as acusações feitas pela advogada.  

Conforme nota, a OAB/MS irá oficiar hoje a Secretaria de Segurança Pública pedindo cópias do inquérito para tomar as medidas cabíveis e a apuração rigorosa. 

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