Movimentos pedem ao MPF investigação de atropelamento de crianças indígenas
Documento foi protocolado diante do suposto descaso da polícia local que nem sequer teria registrado um boletim de ocorrência sobre o caso
Representantes do Cimi (Conselho de Indigenista Missionário) e outras entidades ligadas ao movimento indígena protocolaram nesta tarde (19) no MPF-MS (Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul) pedido de investigação do atropelamento de duas meninas indígenas, de 8 anos, ocorrido no último dia (13) em rodovia que dá acesso a aldeia Mãe Terra, na região de Miranda a cerca de 201 quilômetros de Campo Grande.
As meninas retornavam para casa de bicicleta, depois de irem a uma consulta médica na aldeia, quando foram atingidas pelo condutor de uma camionete que fugiu sem prestar socorro. Desde então os indígenas suspeitam que o atropelamento tenha sido proposital já que o território é alvo de conflitos com fazendeiros, no impasse sobre a demarcação de terras na região.
No dia do acidente também seria realizada uma assembleia na aldeia para tratar sobre o tema, aumentando as suspeitas entre os moradores. Após o atropelamento familiares das indiazinhas procuraram a polícia para registrar um boletim de ocorrência, mas que segundo o CIMI, não chegou a ser registrado por dificuldades impostas pelos próprios investigadores na delegacia.
“Familiares foram a delegacia no dia 13 e 14 , mas o delegado alegou até que não teria como registrar porque as vítimas não tinham anotado a placa do veículo”, comentou o assessor jurídico do órgão, Anderson Santos.
À época do acidente, um morador que fez contato com a reportagem havia informado que um boletim teria sido registrado. Contudo, diante do suposto descaso da polícia local Anderson e os representantes CDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos), CRJP (Comissão Regional de Justiça e Paz), MST e Coletivo Terra Vermelha, protocolaram o documento esta tarde, solicitando uma investigação.
MPF – O pedido de investigação ainda terá de passar por análise do órgão, onde serão decididas as providências a serem tomadas sobre o caso. A reportagem entrou em contato com o MPF que informou que só deve se pronunciar após este parecer.
Atropelamento – As meninas foram atropeladas por volta das 11h do dia 13, enquanto retornavam para a casa – que fica a cerca de 3 quilômetros da aldeia - de bicicleta, depois de terem ido a uma consulta médica na aldeia Mãe Terra.
O motorista teria até reduzido a velocidade após o atropelamento, mas evadido do local. Não foi possível identificar sequer o modelo da camionete. Moradores próximos ao local do acidente socorreram as crianças e as levaram para o Hospital Regional de Miranda.
Uma das garotas, perdeu dois dentes, teve ferimentos na boca, nariz e ombro. A outra menina teve escoriações nos dois joelhos. As duas tiveram alta do hospital no mesmo dia.