Interior

Morte de indígena de MS entra na lista de assassinatos em conflitos no campo

Relatório parcial da Comissão Pastoral da Terra lista 19 mortes violentas de janeiro a maio deste ano no País

Silvia Frias | 17/06/2022 09:38
Morte de indígena de MS entra na lista de assassinatos em conflitos no campo
Local onde o corpo de Alex Recarte Lopes, 18 anos, foi encontrado (Foto/Arquivo)

A morte do indígena Alex Recarte Vasques Lopes, 18 anos, foi inserido no relatório preliminar do Cedoc-CPT (Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra) sobre assassinatos em conflitos no campo em 2022. Os dados divulgados hoje referem-se ao período de janeiro a maio deste ano e, até agora, contabilizam 19 mortes no País. 

Do total de homicídios registrados no Brasil, relacionados a conflitos no campo, cinco foram de indígenas e dois de quilombolas. Na lista, a morte de Alex Lopes, assassinado a tiros em uma área entre Coronel Sapucaia, no extremo sul de Mato Grosso do Sul e Capitán Bado, município paraguaio e de fronteira com o Brasil. 

Morte de indígena de MS entra na lista de assassinatos em conflitos no campo
Foram encontrados 5 marcas de tiros no corpo de Alex (Foto/Arquivo)

O corpo de Alex foi encontrado com cinco marcas de tiros, a poucos metros da divisa entre os dois países. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, que instaurou Notícia Crime de Verificação para confirmar se a morte do rapaz tem relação com disputas territoriais ou se atinge a comunidade indígena como um todo. 

Em 2021, o relatório da Comissão Pastoral da Terra indicou 29 assassinatos relacionados a conflitos no campo en Mato Grosso do Sul, a maioria, de indígenas. Em todo o País, o levantamento indicou que foram 934 mortes violentas no ano passado.

Crime – Na manhã de 21 de maio, lideranças da Aldeia Taquaperi, em Coronel Sapucaia, a 396 quilômetros de Campo Grande, informaram a polícia que havia rapaz morto na região de fronteira.  

À polícia, lideranças indígenas informaram que testemunhas ouviram pelo menos seis disparos na tarde de sexta-feira (20) e que Alex poderia ter sido morto na fazenda que faz divisa com a aldeia. 

Seis horas depois, por volta das 22h, testemunhas viram uma caminhonete de cor preta indo até a fazenda e saindo rápido, deixando o portão aberto. 

Os indígenas desconfiam, conforme boletim de ocorrência, que a vítima foi morta pelo capataz e somente desovaram o corpo no país vizinho. A versão pode ser confirmada, pois a polícia não encontrou indícios de disparo de arma de fogo ou sangue no local onde o corpo foi localizado.  

O Pará foi o estado com o maior número de homicídios, com quatro ocorrências, sendo três ambientalistas e um sem-terra assassinados. Segundo assessoria da CPT, as mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira ainda não foram incluídas no relatório preliminar, pois a comissão ainda aguarda algumas informações sobre o caso.

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