Morte de indígena de MS entra na lista de assassinatos em conflitos no campo
Relatório parcial da Comissão Pastoral da Terra lista 19 mortes violentas de janeiro a maio deste ano no País

A morte do indígena Alex Recarte Vasques Lopes, 18 anos, foi inserido no relatório preliminar do Cedoc-CPT (Centro de Documentação da Comissão Pastoral da Terra) sobre assassinatos em conflitos no campo em 2022. Os dados divulgados hoje referem-se ao período de janeiro a maio deste ano e, até agora, contabilizam 19 mortes no País.
Do total de homicídios registrados no Brasil, relacionados a conflitos no campo, cinco foram de indígenas e dois de quilombolas. Na lista, a morte de Alex Lopes, assassinado a tiros em uma área entre Coronel Sapucaia, no extremo sul de Mato Grosso do Sul e Capitán Bado, município paraguaio e de fronteira com o Brasil.

O corpo de Alex foi encontrado com cinco marcas de tiros, a poucos metros da divisa entre os dois países. O caso está sendo investigado pela Polícia Federal, que instaurou Notícia Crime de Verificação para confirmar se a morte do rapaz tem relação com disputas territoriais ou se atinge a comunidade indígena como um todo.
Em 2021, o relatório da Comissão Pastoral da Terra indicou 29 assassinatos relacionados a conflitos no campo en Mato Grosso do Sul, a maioria, de indígenas. Em todo o País, o levantamento indicou que foram 934 mortes violentas no ano passado.
Crime – Na manhã de 21 de maio, lideranças da Aldeia Taquaperi, em Coronel Sapucaia, a 396 quilômetros de Campo Grande, informaram a polícia que havia rapaz morto na região de fronteira.
À polícia, lideranças indígenas informaram que testemunhas ouviram pelo menos seis disparos na tarde de sexta-feira (20) e que Alex poderia ter sido morto na fazenda que faz divisa com a aldeia.
Seis horas depois, por volta das 22h, testemunhas viram uma caminhonete de cor preta indo até a fazenda e saindo rápido, deixando o portão aberto.
Os indígenas desconfiam, conforme boletim de ocorrência, que a vítima foi morta pelo capataz e somente desovaram o corpo no país vizinho. A versão pode ser confirmada, pois a polícia não encontrou indícios de disparo de arma de fogo ou sangue no local onde o corpo foi localizado.
O Pará foi o estado com o maior número de homicídios, com quatro ocorrências, sendo três ambientalistas e um sem-terra assassinados. Segundo assessoria da CPT, as mortes do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira ainda não foram incluídas no relatório preliminar, pois a comissão ainda aguarda algumas informações sobre o caso.