Interior

Líder do Projeto Portal vai tentar acordo com Incra, mas pode “fechar as portas”

Aline dos Santos | 02/02/2011 12:47
Urandir vai propor acordo para não ter terras do Projeto Portal desapropriadas pelo Incra. (Foto: João Garrigó)
Urandir vai propor acordo para não ter terras do Projeto Portal desapropriadas pelo Incra. (Foto: João Garrigó)

Líder do Projeto Portal, comunidade instalada em Corguinho e que acredita em seres extraterrestres e se prepara para o apocalipse em 2012, Urandir Fernandes de Oliveira afirma que vai tentar um acordo com o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para reverter o processo de desapropriação de 400 dos 1.040 hectares da propriedade.

“A área da pesquisa ufológica não afeta tanto. Mas o turismo, que é o mais forte do projeto do projeto, prejudica totalmente”. Urandir relata que a proposta é ceder 250 hectares para o Incra.

No próximo dia 15, o processo de desapropriação de 1,4 mil hectares em Corguinho para atender remanescentes de quilombolas será discutido em audiência na Justiça Federal de Campo Grande.

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Caso a desapropriação prossiga nos termos que já foram apresentados pelo Incra, o líder do projeto pretende comprar terras vizinhas ou até mesmo “fechar as portas” e levar a cidade esotérica para o Amazonas.

“Já temos uma base na Amazônia. Lá também tem a arqueologia. Encontramos uma cidade perdida”. Ele conta que a densa vegetação oculta as ruínas da cidade. “Podemos mostrar que a América do Sul é o berço da civilização”. No entanto, a descoberta não foi repassada a órgãos oficiais.

Turismo ufológico – Conforme Urandir, o Projeto Portal recebe 2.500 visitantes por mês, vindos de todo o Brasil, além de Estados Unidos, Japão, China e Europa. Ele reforça que o projeto mantém 800 empregos, entre diretos e indiretos, e sustenta a economia das cidades de Corguinho e Rochedo.

“Inclusive, os próprios descendentes dos quilombolas trabalham lá”. Aos visitantes, o local oferece hospedagem no hotel fazenda ou área de camping. Em geral, os turistas são associados ao projeto ou fazem doações.

Com a desapropriação, as atrações do ecoturismo seriam impactadas. Pois o projeto perderia a área com trilhas e cavernas.

Já o turismo ufológico se manteria intacto. Segundo o líder do projeto, é a localização que garante a Corguinho o título de um dos melhores pontos para avistar ovni (objeto voador não identificado).

“A localização é de 19 graus de latitude Sul, que tem hiperatividade vibracional”. E prossegue: “Antes do projeto, os moradores viam círculos redondos, luz na mata”. Ele assegura que em um único dia é possível avistar até 15 objetos não identificados no céu.

Irregularidades – Urandir Oliveira questiona os procedimentos do Incra e reclama de arbitrariedades. “O Incra fez medições sem fundamentação, a área é de minérios e todas as terras não são produtivas. Não têm condições de alimentar as pessoas”, salienta.

Ele também reclama do valor da indenização paga pelo Incra, de R$ 300 por hectare. Segundo Urandir, até mesmo os quilombolas com o título da área terão terras desapropriadas. Pelo estudo do Incra, outras 13 propriedades na região também integram a área reivindicada pelo governo federal.

Casas têm formatos exóticos, com promessa de resistir a terremotos e vendavais. (Foto: Projeto Portal)

Polêmica – Paranormal e ufólogo, Urandir ficou conhecido nos anos 90, acusado de forjar aparições de discos voadores na região de Corguinho.

Em 1998 o ufólogo Ademar Gevaerd acusou Urandir de simular a aparição de ovni com projeções de luz de objetos como uma caneta a laser, e fez demonstrações de "fenômenos" similares.

Depois disso, Urandir ficou um tempo no ostracismo e, em seguida, passou a vender lotes em Corguinho, pregando a construção de uma cidade esotérica para enfrentar o apocalipse, por conta do aquecimento global. São construções elaboradas com formatos exóticos, com promessa de resistir a terremotos e vendavais. O projeto existe há dez anos em Mato Grosso do Sul.

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