Interior

Índios que teriam desaparecido em Sidrolândia voltaram à aldeia

Paula Maciulevicius | 05/06/2013 07:46

Dos quatro terena desaparecidos na tarde de ontem, na região da aldeia Buriti, até às 19h, dois deles já haviam voltado à aldeia e o outros mantiveram contato com os familiares por telefone. Nesta terça-feira, houve um novo confronto na região e  o terena Joziel Gabriel, de 34 anos, foi baleado no ombro.

Até às 23h de ontem Joziel não havia sido operado. A cirurgia era para retirar a bala que está alojada na coluna. O terena foi atingido pelo disparo na fazenda São Sebastião, levado para atendimento médico em Sidrolândia, mas devido a gravidade do caso, foi transferido para a Capital. Ele é primo de Oziel Gabriel, morto na última quinta-feira durante confronto com a Polícia Federal e PM, durante reintegração de posse da fazenda Buriti.

Testemunhas contaram ter visto um homem atirar quando passava com uma camionete prata, pela fazenda São Sebastião. Os amigos disseram que não houve tempo para anotar a placa do veículo porque priorizaram o socorro a Joziel.

Joziel estava na fazenda São Sebastião, ocupada desde ontem por famílias indígenas que cobram a ampliação do território terena. Na versão dos índios, eles foram recebidos a bala por capatazes.

O irmão do proprietário da fazenda, Lincoln Curado, de 58 anos, garante que não houve qualquer confronto e que todos os capatazes foram orientados a não usar armas ou força contra os índios.

Nesta quarta-feira vence o prazo de 48h para que o grupo que acampou na fazenda Buriti deixe a área, de acordo com ordem de reintegração de posse da Justiça Federal. A propriedade é a mesma do cenário de conflito vivido na última quinta-feira, quando Oziel foi morto.

Há mais de duas semanas Mato Grosso do Sul enfrenta uma onda de invasões de terra e tensão. Cansados de esperar por uma posição do governo federal, os terena decidiram pela "retomada" de áreas que já foram consideradas indígenas em 2001, mas não avançam no processo de demarcação por conta de recursos judiciais dos fazendeiros que contestam laudos antropológicos da Funai.

As famílias entraram pela primeira vez na área em 2003. No dia 15 de maio deste ano voltaram à fazenda, mas foram retirados na base da força na quinta-feira, quando incendiaram a sede da propriedade do ex-deputado Ricardo Bacha. Um dia depois, ainda revoltados com a morte de Oziel Gabriel durante a desocupação, grupo retornou à área.
Nesta semana, outras duas fazendas da região foram invadidas e nesta terça, a São Sebastião. Conforme os terena, além da São Sebastião e Buriti, a etnia já está acampada nas fazendas Água Doce, Lindoia, São José, Querência, 3R, Flórida, Santa Clara e Bom Jesus - que também pertence à família Curado.

Comunidade indígena e produtores rurais brigam pela posse de 17 mil hectares na região de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, a maioria terras administradas pela família Bacha.

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