Interior

Indígenas discutem medidas contra onda de violência com Sejusp e MPF

Lideranças atribuem crescimento de casos de assassinatos a consumo de bebida alcoólica e drogas

Jones Mário | 15/06/2019 13:29
Tio e sobrinho foram encontrados mortos na Aldeia Jaguapiru neste sábado (Foto: Sidney Bronka/94FM Dourados)
Tio e sobrinho foram encontrados mortos na Aldeia Jaguapiru neste sábado (Foto: Sidney Bronka/94FM Dourados)

 

Willismar Barbosa Garcia, 26 anos, foi vítima do primeiro assassinato registrado este ano em Dourados, no dia 6 de janeiro. Foi morto a facadas, como também foram Josias da Silva Machado, 48, e Pedro Avila Morales Filho, 19, respectivamente tio e sobrinho, encontrados na manhã deste sábado. Além da arma utilizada, os crimes têm em comum o local, a Aldeia Jaguapiru, que, junto com a Aldeia Bororó e outras pequenas comunidades indígenas, soma população de 18 mil pessoas.

O crescimento dos casos de violência na região provocou apelos das lideranças, que se reúnem na próxima segunda-feira com o titular da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), Antonio Carlos Videira. O encontro também contará com integrantes do MPF (Ministério Público Federal). De acordo com o líder da Aldeia Bororó, Gaudêncio Benitez, os indígenas querem policiamento constante na área.

“Estaremos exigindo um posto policial dentro da aldeia e equipes de patrulhamento comunitário. Hoje a gente não tem acompanhamento nenhum”, diz. Benitez atribui o aumento da violência ao acesso fácil à bebida alcóolica e às drogas nas comunidades. Segundo ele, o problema fugiu do controle das lideranças.

“Quem faz esse trabalho são as lideranças, mas hoje, aqui na Aldeia Bororó e na Jaguapiru, tem infiltração de alto consumo de bebida alcóolica e droga. Isso é uma preocupação nossa. Hoje está difícil de controlar”.

Os relatos do homicídio de Willismar Garcia envolvem consumo de álcool. Os assassinatos de Osvaldo Ferreira, 38, Rosilene Rosa Pedro, 33, e Junior Abraão da Silva, 31 - todos mortos este ano nas aldeias Jaguapiru e Bororó - também.

Conforme o MPF, integrantes da força-tarefa Avá Guarani vão participar da reunião das lideranças com a Sejusp. O grupo visa apurar crimes contra as comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul e foi instituído há três anos, após a morte do agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, que levou dois tiros durante confronto entre índios e fazendeiros na Fazenda Yvu, em Caarapó.

Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país, com 70 mil pessoas divididas em várias etnias. Da área total do Estado, apenas 0,2% é destinada às comunidades.

 

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