Interior

Ilda não precisou de UTI, mas morreu 2 dias após piorar com a covid-19

Para neta, morte da avó pelo novo coronavírus servirá de alerta para que as pessoas de Paraíso das Águas se cuidem mais

Lucia Morel | 23/07/2020 06:40
Ilda morreu aos 62 anos e deixa 5 filhos, 15 netos e 2 bisnetos. (Foto: Arquivo da Família)
Ilda morreu aos 62 anos e deixa 5 filhos, 15 netos e 2 bisnetos. (Foto: Arquivo da Família)

Acompanhada em casa e sem necessidade de uso de respirador, Ilda Alves de Oliveira, 62 anos, “arruinou” dois dias antes de falecer de covid-19. Forte e ativa, ela já tinha histórico de problemas pulmonares, mas entre descobrir a doença e, de fato piorar, não houve tantos problemas.

Tanto que a família, ao saber que ela havia testado positivo para a doença, teve que se afastar, para ficar em isolamento. Ilda ficou em casa, sem aparentar qualquer agravamento. 

A neta Alessa Lohaine de Rezende, de 23 anos, conta que a avó piorou entre os dias 17 e 18, dois antes de falecer. Em Paraíso das Águas, a 278 Km de Campo Grande, Ilda tinha família grande que a visitava todos os dias. Filhos, noras, genros, netas e netos estavam sempre em volta dela. A suspeita é de que algum deles tenha sido contaminado e a infectado, já que ela mesmo não saía de casa.

“A cidade começou com um surto de covid e nossa família é muito grande. Pelo menos 15 pessoas passavam ou almoçavam todos os dias com ela, porque ela mesmo, só ficava em casa. Mas os outros todos trabalham fora e acho que foi nessas idas e vindas que ela acabou se contaminando”, lamenta.

Ilda, em uma de suas festas de aniversário. (Foto: Arquivo da Família)

Segundo Alessa, dos 15 familiares, pelo menos 10 testaram positivo para o novo coronavírus, mas não se sabe quem foi o primeiro a ser infectado. O que se sabe, é que Ilma apresentou os primeiros sintomas na semana do dia 10 de julho, quando teste resultou postivo para o novo coronavírus.

“Ela passou mal como se fosse uma gripe, mas como ela já tinha enfisema pulmonar, achamos que era disso também. Daí fizeram o teste e deu positivo. Desde então ela ficou isolada em casa, mas bem”, contou.

Com poucas visitas, Ilda não apresentou nenhuma alteração de saúde até dia 17 de julho, quando começou a ter falta de ar. Dois dias antes, raio-x do pulmão identificou “uma pequena alteração e passaram mais medicação para ela só e ela deu uma melhorada”.

Os cuidados não foram suficientes e no domingo, 19, Alessa foi até a casa da avó. 

“No domingo que ela faleceu, eu fui lá umas 11 horas e encontrei ela no sofá. Estava conversando normal, mas com falta de ar e passei então a tarde com ela. Quando foi umas 16h30 ela passou mal, com muita falta de ar e chamei a ambulância. Depois disso não a vi mais”.

Ilda com filhas e neta. (Foto: Arquivo da Família)

Encaminhada ao Pronto Socorro da cidade, Ilda foi entubada, medicada e esperava vaga para ser transferida para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas teve três paradas cardiorrespiratórias e não resistiu. “Nem acompanhamos o enterro, porque estava todo mundo isolado”, conta Alessa.

Para a neta, a avó era alegria por onde passava e será lembrada como alguém que sempre ajudou o próximo, que não tinha maldade e que fazia amizade fácil. “Ela sempre fez tudo para todos, onde passava era contagiante a alegria”, revela. 

Com cinco filhos, 13 netos e dois bisnetos, Ilda deixa ainda muita saudade e saudações da cidade onde morava. “Todos estão querendo nos consolar. Acho que a morte dela, por ser a primeira daqui, vai servir de alerta para as pessoas se cuidarem mais”, enfatiza.

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