Homem morto por pistoleiros era filho de ex-bombeiro condenado por tráfico
Há uma década, Ales Marques foi acusado de planejar atentados contra juízes federais na fronteira

Alysson Dias Marques, executado por dois pistoleiros por volta de 11h de hoje (9), em Ponta Porã (a 313 km de Campo Grande), era filho do ex-bombeiro militar de Mato Grosso do Sul Ales Marques, 61, narcotraficante que ficou famoso na fronteira por planejar atentados contra juízes federais.
Condenado em outubro de 2011 a 22 anos e 13 dias de reclusão e à perda do cargo público, Ales Marques cumpre pena em regime fechado.
Ales Marques foi preso em flagrante em julho de 2010 e teve a prisão preventiva decretada em outubro do mesmo ano, durante a Operação Maré Alta. Na época, o MPF denunciou 18 pessoas da quadrilha, inclusive, a ex-mulher e os filhos do então militar, todos presos na época.
Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal), a quadrilha abastecia mercados consumidores de drogas em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A cocaína vinha do Paraguai pela fronteira seca entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.
Na sentença em que condenou o ex-bombeiro em 2011, a Justiça considerou a “personalidade desvirtuada” dele e citou diálogo no qual Ales Marques afirmou que iria “mostrar quem ele é”, que iria “fazer limpa na fronteira” e não pouparia nem filhos, nem mulheres de seus desafetos.
Em fevereiro daquele ano, enquanto estava recolhido no Presídio Militar de Campo Grande, Ales Marques foi considerado ameaça à segurança de juízes federais e de outras pessoas. O temor cresceu após investigação revelar que, apesar de oficialmente preso, ele foi visto fora do presídio.
Marques saiu em viatura da Polícia Militar com um capitão e mais dois policiais para “diligência”, até uma chácara em Campo Grande. Esse episódio fez o MPF pedir a transferência dele para presídio federal fora do Estado.
As investigações revelaram na época que Ales, mesmo preso, arquitetava a morte de desafetos e de juízes federais que atuavam nos processos nos quais era acusado de liderar quadrilha de tráfico internacional de drogas.
O crime – Alysson Marques estava em uma casa localizada no Jardim Primavera, quando dois homens invadiram o local por volta de 11h de hoje e o executaram a tiros.
Câmera instalada em casa vizinha gravou o momento em que dois homens chegam ao local a pé. Um deles começou a atirar quando ainda estava do lado de fora da casa. Depois, os dois entram no imóvel e saem correndo logo em seguida.