Interior

Grupo paraguaio "escravizado" em fazenda tinha adolescentes de 15 anos

Trabalhadores estavam atuando em propriedade rural onde foi constatado crime ambiental

Marta Ferreira | 04/12/2020 17:39
Madeira retirada foi queimada. (Foto: Divulgação)
Madeira retirada foi queimada. (Foto: Divulgação)

Grupo de 15 paraguaios, entre eles menores de idade, foi resgatado de propriedade rural em Nioaque, município a 179 quilômetros de Campo Grande. No lugar, foi constatada a manutenção dessas pessoas em condição análoga à de trabalho escravo, vivendo em um mangueiro para bovinos. Entre eles, o mais jovem tinha 15 anos. 

Na fazenda, foi descoberta ainda a retirada ilegal de madeira, que foi queimada e enterrada sob valas.

O gerente da área, Valdecir Rossi, acabou sendo preso com uma arma irregular, ao ser abordado na chegada de autoridades ao local para conferir a situação. Estava com um revolver 38 para o qual não tem autorização de porte.

Agora, a investigação vai apurar a responsabilidade pelos dois crimes, em esferas diferentes. A Polícia Civil vai cuidar do inquérito sobre o crime ambiental e a Polícia Federal sobre o trabalho escravo.  

Vídeos divulgados - Força-tarefa foi à área depois da divulgação de vídeos em que trabalhador que operava a máquina pesada chegava a citar o nome do governador Reinaldo Azambuja como responsável por autorizar a retirada ilegal de madeira, que era incendiada e enterrada.

Ele foi localizado e identificado como Danielson de Aguiar Oliveira, 34 anos. Admitiu a autoria dos vídeos, e detalhou como foi enterrada a madeira. Disse ter citado o governador por ficar indignado com a situação. Um dos vídeos, afirmou, foi feito um mês atrás e o outro uma semana  atrás. 

À polícia, Danielson citou que os contratantes do serviço irregular eram os arrendatários  Wanderley Rodrigues da Costa e Wanilton Rodrigues da Costa, que são irmãos. Ontem, ambos não foram localizados.

Segundo consta do boletim de ocorrência, a área em questão fica na divisa entre duas propriedades, as fazendas Salto e Morro Azul e que se tratavam dos mesmos arrendatários responsáveis pela fazenda Vaticano.

Diante de dois tipos de crimes, o MPT (Ministério Público do Trabalho) e o MPMS enviaram equipes à região. Os trabalhadores foram resgatados e todo o tramite para regularizar a situação deles estava em andamento hoje. 

Versão dos acusados – Em nota enviada por e-mail ao Campo Grande News, a defesa dos dois citados como arrendatários disse que não são eles os responsáveis legais pela fazenda onde houve o desmatamento. O texto diz que eles são irmãos da responsável, identificada como Maisa Rodrigues da Costa.

A defesa dos acusados diz que o serviço prestado na fazenda foi terceirizado e que o responsável é Serafin Gonçalves da Silva, que não foi localizado pela reportagem.

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