Interior

Fuga em massa do PCC não assusta quem já se acostumou com violência

Rotina da cidade, destino de turismo de compras no Estado, segue normal, apesar da caça a fugitivos de presídio

Maressa Mendonça e Aline dos Santos, enviada especial à fronteira | 20/01/2020 16:50
Ciclista passa à frente de policial com armamento pesado, em cidade fronteiriça ao Paraguai. (Fotos: Marcos Maluf)
Ciclista passa à frente de policial com armamento pesado, em cidade fronteiriça ao Paraguai. (Fotos: Marcos Maluf)

O clima de tranquilidade no comércio de Ponta Porã nesta segunda-feira (19) é indício de que viver na região de fronteira é se habituar com o cenário de violência. A cidade, distante a 323 quilômetros de Campo Grande, é separada por uma avenida de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, local da penitenciária de onde 74 presos fugiram no domingo (20). Todos eles são ligados à facção brasileira PCC (Primeiro Comando da Capital).

São tantos os relatos de execuções, pistolagem, luta pelo controle do tráfico na região que a população está “mal acostumada”. Quem comenta é o vendedor de automóveis Luiz Fernando Vieira Azevedo, 36 anos. Segundo ele, as informações sobre reforço no policiamento da região divulgadas pouco após a fuga em massa também contribuem para uma sensação maior de segurança.

Relato semelhante é o do comerciante José Darci, de 47 anos, que há 26 anos é proprietário de restaurante em Ponta Porã. Nascido e criado na cidade, ele conta ter ouvido, nesta segunda, “barulho de polícia o dia todo”, mas isto não é significa alteração na rotina dele. “As pessoas já se acostumaram”.

Darci comenta também sobre outro fator que tem contribuído para sensação de tranquilidade um dia após a fuga. “O palpite é de que seria mais fácil para os criminosos ir para o Paraguai”.

Morador no assentamento Itamaraty, Irenildo Fernandes de Oliveira, de 40 anos, trabalha com a venda de lanches, o dia foi incomoum por ver mais agentes de segurança.

Fora isso, para ele, a cidade segue sua rotina. Diz que mantém os “malabarismos” para dar conta da rotina entre o assentamento e a cidade e percebeu, hoje, um aumento do movimento. Enquanto Irenildo ganhava o sustento, o lugar onde ele mora foi justamente onde ocorreu a primeira captura de foragidos do presídio paraguaio.

 

Cidade, "mal acostumada" com episódios de violência, segue sua rotina.
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