Interior

“Fez isso para me atingir”, diz mãe de criança sequestrada pelo pai

A criança estava desaparecida desde a manhã de quarta-feira (17), quando saiu para ir à padaria comprar pão e salame

Viviane Oliveira | 19/02/2021 09:01
Cristiane posa para a foto com o filho Fernando (Foto: arquivo da família)
Cristiane posa para a foto com o filho Fernando (Foto: arquivo da família)

“Ele é doente. Fez isso para me atingir”. O desabafo é da dona de casa Cristiane Santos Lima, 43 anos, que teve o filho de 11 anos, sequestrado pelo ex-marido, Fernando de Souza Pereira. Ele está preso por descumprimento de medida protetiva e sequestro.

A criança, que foi encontrada no fim da tarde de ontem, estava desaparecida desde a manhã de quarta-feira (17), quando saiu por volta das 9h para ir à padaria, a uma quadra de casa, no Bairro Aeroporto, para comprar pão e salame. O caso aconteceu em Corumbá, distante 419 quilômetros de Campo Grande. 

Com o filho o tempo todo escondido na casa de uma irmã, foi o próprio Fernando que procurou a Polícia Civil para registrar o desaparecimento da criança. “Dessa vez ele passou dos limites. Como pôde fazer isso? Ele e a família dele viram o meu desespero. As pessoas chegaram a me acusar dizendo que eu tinha feito coisa ruim com o meu filho”, disse na manhã desta sexta-feira, em entrevista à reportagem por telefone.  

Segundo Cristiane, já tinha dois filhos quando se casou com Fernando, com quem viveu por 13 anos e teve mais dois filhos, o menino de 11 anos e o mais novo de 8 anos. Depois de anos sofrendo violência doméstica, contou, resolveu dar uma basta há cerca de duas semanas, depois de mais uma vez ser agredida pelo ex- marido. 

“Nunca tinha ido à delegacia denunciar. Dessa última vez que ele me bateu, eu fui. Dei parte e pedi medida protetiva. Ele é muito violento, principalmente quando bebe”, afirmou. A medida protetiva foi deferida pela Justiça. Fernando não podia chegar perto de Cristiane. 

Cristiane durante encontro com o filho ainda na delegacia (Foto: Anderson Gallo / Diário Corumbaense)

Depois de passar mais de 1 dia sem saber do paradeiro do filho, Cristiane ficou aliviada quando recebeu a notícia de que o filho havia sido encontrado e estava bem. “Essa noite dormimos juntinhos. Foi muito bom”, contou.

Antes de ser encontrado, Cristiane disse que passou um monte de coisa pela sua cabeça e chegou a pensar que o filho estava morto, pois nunca havia saído e ficado tanto tempo fora de casa. “Passou tanta coisa pela minha cabeça. Pensava: será que ele está morto? Será que bateram nele? Fizeram maldade? Será que está perdido? É muito sofrimento para uma mãe”, disse.  A família chegou a oferecer recompensa de R$ 500 para quem soubesse do paradeiro do garoto. 

Caso - Conforme a delegada responsável pelo caso, Tatiana Zingier, Fernando foi por conta própria à delegacia fazendo de conta que não sabia onde estava o garoto. “Ele chegou de forma espontânea, queria saber como estavam as investigações. Porém, nesse meio tempo chegou a informação de que ele colocava crédito no celular de um vizinho do menino, momento em que o questionamos sobre isso. Foi quando ele resolveu confessar, para a nossa surpresa. Disse que estava com a criança, que a deixou na casa da irmã e nos levou até lá”, contou a delegada.

Ao portal Diário Corumbaense, a delegada ainda adiantou que durante depoimento, o pai alegou que a criança não estava sendo "bem cuidada" pela mãe e que o próprio filho havia ido até ele. "Mas nós sabemos que isso não é verdade”, diz a delegada.

Fernando também descumpriu medida protetiva. "O casal está separado e a mãe já tinha essa determinação judicial que ele descumpriu ao ir até ela, por conta do suposto desaparecimento da criança. Configura-se crime também”, explicou. 

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