Interior

Falta de materiais em hospital gera outra crise entre prefeitura e Câmara

Vereadora cobrou providências da prefeitura e assessoria de Délia Razuk distribuiu declaração de funcionário afirmando que só quem não conhece a realidade “sai por aí falando do hospital”

Helio de Freitas, de Dourados | 03/05/2017 15:19
Servidores protestam contra falta de condições de trabalho no Hospital da Vida (Foto: Divulgação)
Servidores protestam contra falta de condições de trabalho no Hospital da Vida (Foto: Divulgação)

Uma cobrança feita pela presidente da Câmara de Vereadores Daniela Hall (PSD) sobre a situação de abandono do Hospital da Vida foi contestada na tarde desta quarta-feira (3) pela administração da prefeita de Dourados, Délia Razuk (PR).

A vereadora pediu providências para acabar com os problemas apontados por profissionais de enfermagem do hospital, como falta de insumos básicos e de equipamentos usados para atender os pacientes. A prefeitura rebateu distribuindo nota com declaração de um servidor da saúde, afirmando que “só quem não conhece a realidade sai por aí falando do hospital”.

Atendimento precário – Após se reunir com representantes do setor de enfermagem do hospital, Daniela Hall disse que a falta de condições de trabalho resulta em atendimento precário para os pacientes.

Profissionais relataram a falta de insumos básicos como gaze, esparadrapo, materiais de higiene como sabonetes, roupas de cama limpas, materiais de uso dos profissionais como aparelho de medir pressão, máscaras, capote cirúrgico e uniforme hospitalar. Segundo a denúncia, para conseguir atender os pacientes a unidade pega materiais emprestados de outros hospitais da cidade.

Na sexta-feira (28), durante os protestos de servidores contra as reformas do governo Michel Temer, servidores do hospital foram para a frente da unidade com cartazes, para denuncias a falta de condições de trabalho.

O Campo Grande News apurou com funcionários do hospital que os problemas ocorrem há algum tempo, principalmente falta de materiais para atender os pacientes. A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde diz que as informações não procedem.

“Em janeiro deste ano recebemos um pedido da categoria e enviamos nossa preocupação para a prefeitura. Esta semana encaminhei novo pedido de explicação e também coloquei o nosso mandato à disposição para ajudar no que for necessário”, afirmou Daniela Hall.

Segundo ela, além da falta de condições de trabalho, a categoria reivindica reajuste salarial, já que a data-base foi fevereiro, folga mensal, lugar de descanso no final de semana e redução da carga horária de 44 horas para 36 semanais.

Ainda de acordo com a vereadora, no dia 12 deste mês os profissionais de enfermagem prometem acionar o Ministério Público Estadual e o Ministério Público do Trabalho por causa da situação do hospital, que presta atendimento de urgência e emergência para moradores de 30 municípios da região.

Daniela Hall reunida com profissionais de enfermagem (Foto: Divulgação)

Contra-ataque – Após a declaração de Daniela Hall, a assessoria de imprensa de Délia Razuk distribuiu nota rebatendo as críticas sobre o hospital.

“Pela primeira vez, agora, na gestão da prefeita Délia, nós temos uma perspectiva de diálogo real”, afirmou o representante do coletivo de servidores do setor de saúde de Dourados, Jaime Dantas, eleito recentemente para representar os quase 500 servidores do hospital e da UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

De acordo com a prefeitura, com a eleição de Dantas, Délia poderá convocar a reunião do Conselho Curador da Funsaud (Fundação de Serviços de Saúde de Dourados) para deliberar sobre assuntos de interesse das categorias.

“Só quem não conhece a realidade do Hospital da Vida é que pode cometer a infelicidade de sair por aí falando dele”, afirmou Jaime Dantas através da nota da prefeitura.

Endividada – Segundo a prefeitura, a Fundação de Saúde foi criada na gestão passada para administrar o Hospital da Vida e a UPA. Ao assumir o mandato, Délia Razuk teria herdado déficit superior a R$ 9,8 milhões, sem contar despesas com a folha salarial de médicos e demais servidores.

“Temos fornecedores com contas a receber desde junho de 2015”, afirmou o diretor-presidente da fundação, Renan Hadykian, apesar de a prefeitura afirmar que desde janeiro deste ano já investiu R$ 14 milhões para o pagamento de compromissos da fundação.

Renan disse que a reunião do conselho curador para discutir a situação do hospital está agendada para os próximos dias.

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