Interior

Em crise pela pandemia, comércio da fronteira apela a delivery ilegal

Hoje de manhã, militares paraguaios apreenderam mercadorias em Pedro Juan Caballero e clima ficou tenso com ambulantes

Helio de Freitas, de Dourados | 07/07/2020 10:16
Entregadores carregam mercadorias para clientes brasileiros na Linha Internacional (Foto: Direto das Ruas)
Entregadores carregam mercadorias para clientes brasileiros na Linha Internacional (Foto: Direto das Ruas)

Com pelo menos cinco mil lojas correndo risco de quebradeira geral e milhares de trabalhadores enfrentando dificuldade para conseguir o sustento, comerciantes de Pedro Juan Caballero encontraram um jeitinho para turbinar as vendas. O delivery de produtos importados está a todo vapor, apesar de a Receita Federal do Brasil afirmar que a prática é ilegal.

Mesmo com a fronteira oficialmente fechada pelo governo paraguaio por causa da pandemia do novo coronavírus, entregas de mercadorias estão sendo feitas a compradores brasileiros na Linha Internacional entre Pedro Juan e Ponta Porã (MS), a 323 km de Campo Grande.

Fotos recebidas pelo Campo Grande News mostram trabalhadores e ambulantes carregando caixas e pacotes para entregar aos clientes brasileiros que ficam no lado brasileiro. O delivery acontece em um trecho da fronteira em que foi retirada a cerca de arame farpado instalada pelos militares da Força Tarefa Conjunta em março, quando foi decretado o fechamento da fronteira.

Na manhã desta terça-feira (7), os militares apreenderam algumas mercadorias que estavam sendo levadas por comerciantes paraguaios. O clima ficou tenso, como mostra vídeo que circula em grupos do aplicativo WhatsApp.

Veja o vídeo:

No mês passado, como forma de amenizar a crise pelas vendas baixas, já que os brasileiros não podem entrar no Paraguai, a Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero pediu ao governo do país autorização para fazer delivery em pontos específicos, seguindo medidas sanitárias.

O governo paraguaio autorizou a estratégia, mas a Receita Federal do Brasil afirmou que qualquer mercadoria entregue do lado brasileiro estaria sujeita à apreensão por ser ilegal. Segundo a Receita, como a fronteira está fechada, não seria possível emitir nota das mercadorias, mesmo dentro da cota de 500 dólares.

O caso foi tratado com representante diplomático do governo brasileiro em Asunción no mês passado, mas até agora não houve resposta do Brasil.

“O Paraguai autorizou o delivery, mas não colocamos em prática porque o Brasil ainda não liberou. Estamos esperando resposta do governo brasileiro para fazer de forma organizada, controlada, com todas as medidas do protocolo e do jeito mais correto possível”, afirmou ao Campo Grande News o presidente da Câmara de Comércio de Pedro Juan Caballero, Victor Barreto.

Questionado sobre as entregas ilegais que estão sendo feitas, ele afirmou: “o povo está se virando pra sobreviver, está complicado”.

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