Interior

Donos de áreas ocupadas por índios pedem apoio de comerciantes e da OAB

Com apoio do Sindicato Rural, entidades emitiram nota de repúdio à invasão de propriedades no município de Dourados e pediram celeridade na reintegração de posse das áreas

Helio de Freitas, de Dourados | 17/03/2016 15:27
Proprietários de áreas invadidas reunidos na Aced, hoje cedo (Foto: Eliel Oliveira)
Proprietários de áreas invadidas reunidos na Aced, hoje cedo (Foto: Eliel Oliveira)

Proprietários de sítios ocupados por índios no município de Dourados, a 233 km de Campo Grande, recorreram hoje (17) às entidades de classe da cidade, para pedir apoio. Reunidos na Aced (Associação Comercial e Empresarial de Dourados), eles receberam apoio da 4ª Subseção da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), do Sindicato Rural e da própria associação que representa os comerciantes locais.

“A Aced, assim como as demais entidades, repudia a ação criminosa dos invasores e destaca a ilegalidade destas ocupações. As entidades também cobram agilidade do Ministério Público Federal na resolução do conflito e para a reintegração de posse das propriedades rurais”, afirma nota distribuída pela assessoria de imprensa da associação.

Desde o dia 5 deste mês, índios guarani-kaiowá ocupam sítios localizados na região norte de Dourados, entre o perímetro urbano e a reserva formada pelas aldeias Jaguapiru e Bororó.

Pelo menos 13 propriedades já foram ocupadas nesse local. No sábado (12), os índios tentaram ocupar a Fazenda Cristal, na divisa com o município de Itaporã, do outro lado da reserva, mas foram repelidos por funcionários e donos de áreas vizinhas.

Clima de terror – Liderados pelo ruralista Gino Ferreira, os sitiantes pediram apoio da Aced e informaram que planejam uma série de protestos contra as invasões. Diretores da entidade, representantes da OAB e do Sindicato Rural também participaram do encontro.

Os sitiantes reclamam do “clima de terror” enfrentado pelas famílias da áreas invadidas. Vanilda Alves Valentim, 32, contou que precisou fugir de madrugada com o marido e os três filhos, um dia após o sítio da família ter sido invadido.

“Peguei apenas roupas e alguns documentos. Voltamos no dia seguinte e a casa já tinha sido ocupada. Saquearam tudo o que tinha dentro e destruíram tudo o que construímos em 11 anos de muito trabalho”, afirmou.

“Mataram os cachorros, roubaram as galinhas, depredaram a casa e destruíram o mangueiro que meu esposo construiu há pouco tempo. Até os canos dos poços foram destruídos”, afirmou Vanilda, que estimou em pelo menos R$ 50 mil o prejuízo.

Outra proprietária, que pediu para não ter o nome divulgado, disse estar cercada na sede, já que os invasores ocuparam a propriedade e lá permanecem há mais de dez dias. “Morro de medo de sair e não conseguir voltar. Já botaram fogo no canavial, destruíram as cercas e roubaram as galinhas. Eles fazem terrorismo querendo que eu saia, mas não vou sair”.

Falta apoio – Os sitiantes reclamaram de falta de apoio e de medidas efetivas por parte de autoridades jurídicas e policiais. Eles disseram ser contra o confronto com os invasores, mas temem que a situação se arraste devido à passividade dos órgãos competentes, segundo a assessoria da Aced.

Os proprietários afirmaram que o próximo passo é tentar marcar uma audiência com o procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida para buscar uma “solução imediata” para o problema.

Nota de repúdio - “Externamos o nosso repúdio à invasão e aos atos de vandalismo cometidos por indivíduos que se dizem representantes indígenas, contra pequenos produtores e proprietários de imóveis de Dourados”, diz a nota assinada pela Aced, Sindicato Rural e OAB.

“Pessoas com motivação ilegal e duvidosa simplesmente estão invadindo pequenas propriedades, depredando instalações, queimando pastagens e lavouras, matando animais e expulsando famílias de suas casas, sob a pura e simples alegação de que seriam os donos do lugar”, afirma o documento.

Segundo a nota, os donos das áreas têm títulos legais de propriedade, “sendo, por isso, um atentado contra as garantias individuais das pessoas e ao direito de propriedade”.

As entidades encerram a nota pedindo às autoridades competentes, em particular ao Ministério Público, “celeridade na resolução do processo de reintegração de posse das áreas invadidas”.

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