Interior

Com prisão de líder, polícia desmonta bando que assaltou Nelsinho Trad

Delegado disse que quadrilha de Rener Pimentel roubou pelo menos 40 veículos entre caminhonetes e motos

Helio de Freitas, de Dourados | 08/11/2018 12:31
Rener Pimentel (à direita) e Adriano Plácido, que dava apoio aos assaltantes (Foto: Divulgação)
Rener Pimentel (à direita) e Adriano Plácido, que dava apoio aos assaltantes (Foto: Divulgação)

A Polícia Civil apresentou nesta quinta-feira (8) o chefe da quadrilha que roubou pelo menos 40 veículos entre carros e motos nos últimos meses em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande.

Rener Pimentel, 21, é brasileiro, mas mora em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS). Era para o território paraguaio que ele fugia toda vez que a polícia apertava o cerco.

Ontem, quando foi preso no esconderijo na Sitioca Campo Belo, o bandido aguardava um táxi que se deslocava da fronteira para buscá-lo em Dourados.

Entre os assaltos praticados pela quadrilha teve como vítima o senador eleito Nelsinho Trad (PTB), no dia 28 de setembro, em frente a um hotel na área central de Dourados. Os bandidos não conseguiram levar a caminhonete, mas levaram a pistola calibre 40 do sargento da PM que fazia a segurança do então candidato.

De acordo com o delegado Rodolfo Daltro, do SIG (Serviço de Investigações Gerais), o bando de Rener Pimentel priorizava motos de alta cilindrada e caminhonetes caras. Mas também roubava motos baratas, para usar em outros assaltos.

Caminhonete e SUV eram entregues em território paraguaio por 40% do valor de mercado. Já pelas motos, os receptadores do país vizinho pagam 25% do valor real – uma moto roubada de R$ 10 mil vale R$ 2.500 no Paraguai.

Com sete mandados de prisão por assalto, Rener foi preso porque perdeu dois de seus comparsas – mortos pela polícia no dia 25 do mês passado – e recorreu a um adolescente paraguaio de 14 anos para ajudá-lo nos crimes.

Na noite de terça-feira (6), a Polícia Militar prendeu o adolescente e conseguiu chegar até o esconderijo do chefe dos assaltantes.

Junto com Rener foi preso Adriano Aparecido Souza Plácido, 35, acusado de dar apoio para a quadrilha e esconder o chefe da quadrilha. A mulher dele tinha sido presa na terça-feira, mas ontem foi solta na audiência de custódia.

Os assaltos – De acordo com o delegado, desde junho deste ano a polícia identificou vários roubos de caminhonetes e motos de altas cilindradas. Em agosto foi preso Thiago Henrique Gonzales, o “Negueba”, identificado como um dos integrantes do bando.

Os policiais descobriram também que o chefe era Rener Pimentel, natural de Ponta Porã. Um dia após roubar a Toyota Hilux do vereador Idenor Machado (DEM) em Dourados, Rener foi preso por receptação no Paraguai, mas saiu quatro dias depois e desapareceu.

“Por cerca de 30 dias os roubos a veículos automotores cessaram em Dourados, porém, logo Renner voltou a agir. Ele e outros indivíduos roubaram em curto tempo três camionetes Hilux e pelo menos 10 motos”, afirmou Daltro.

A quadrilha voltou a agir no dia 28 de setembro, no assalto a Nelsinho Trad. Já no dia 25 de outubro, o SIG identificou que Renner e seus comparsas iriam roubar uma caminhonete ou uma SUV de luxo. Equipes do SIG e da Polícia Militar localizaram o imóvel na “Favela do Estrala Verá”, onde Renner e seus comparsas estavam escondidos.

Recebidos a tiros, os policiais revidaram e mataram dois integrantes da quadrilha - Rodrigo Ferreira Dias, 19, o “R3”, e Arthur Rodrigues Neto, 18, o “Mizuno”. Rener usou a pistola do PM na troca de tiros e conseguiu fugir para o mato.

Na tarde de ontem, após a prisão do menor paraguaio na terça à noite depois de roubar duas motos com Rener, os policiais chegaram ao chefe da quadrilha e a Adriano. Eles estavam escondidos em uma casa na sitioca Campo Belo. A polícia apreendeu um revólver calibre 22, escondido na vegetação ao lado da casa de Adriano.

Táxi – Os policiais descobriram que um táxi de Ponta Porã estava a caminho de Dourados para levar Rener a Pedro Juan Caballero. O táxi foi abordado na estrada, trazendo namorada, a sogra e o cunhado do bandido. Eles alegaram que Renner telefonou e pediu para buscá-lo em Dourados.

“Questionados se possuíam participação na série de roubos, os três disseram que não, mas que desconfiavam que Renner estava cometendo crimes, pois andava cheio de dinheiro no bolso”, afirmou o delegado.

Com a prisão de Renner e Adriano e a morte de outros dois integrantes da quadrilha, a polícia acredita em redução nos roubos a carros e motos na cidade. “Renner e seus comparsas eram extremamente audaciosos, uma vez que praticavam os roubos em locais movimentados. Além disso, eram de extrema periculosidade”, disse o delegado.

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