Interior

Com aterro sanitário fechado há uma semana, Miranda acumula lixo pela cidade

Mariana Lopes e Lidiane Kober | 27/05/2014 18:21
O volume do lixo é tão grande que chega a estar espalhado pelas ruas da cidade
O volume do lixo é tão grande que chega a estar espalhado pelas ruas da cidade
O lixo da população de Miranda não tem onde ser despejado

Desde a última terça-feira (20), o aterro sanitário de Miranda está bloqueado por um grupo indígena de nove aldeias da região. Os Terena fecharam a entrada do local e, desdeo então, nenhum caminhão consegue entrar para despejar o lixo recolhido no município.

Segundo o comerciante Nelson Manoel de Andrade, 59 anos, há resíduo acumulado nas lixeiras e até espalhados pelas ruas. “Eu tenho padaria e não sei mais onde vou colocar o lixo daqui, esto com vários tambores e várias caixas cheias, a cidade toda está um caos”, relata o comerciante.

Nelson diz que não há alternativa para se desfazer do lixo acumulado. “Despejar em qualquer lugar não pode, porque agride o meio ambiente e corro até o risco de levar uma multa. A esperança é que o problema seja solucionado logo”, ressalta o proprietário da padaria, que fica no Centro da cidade.

O comerciante ainda conta que a prefeita de Miranda, Marlene Bossay (PMDB), deu uma entrevista à rádio local, na qual ela falou sobre a situação da cidade e, segundo Nelson, afirmou que o gabinete dela sempre esteve aberto aos índios, indicando que o ato dos terena seria infundado e incoerente.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura de Miranda, a chefe do executivo mandou representantes até o lixão da cidade para tentar um acordo com os índios. Ainda com informação oficial, a prefeita não foi pessoalmente até o aterro sanitário para conversar com os manifestantes, como foi solicitado por eles, porque “o local não é adequado para a autoridade máxima do município”, conforme destacou o assessor de imprensa.

Na semana passada, Marlene Bossay divulgou à imprensa que recebeu um grupo de indígenas de aldeias da região que são contra a manifestação no aterro sanitário da cidade. Contudo, a reunião com os índios, segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, foi somente para demonstrar solidariedade à prefeita pela situação na qual se encontra o município.

A coleta do lixo é de total responsabilidade da Prefeitura de Miranda. De acordo com assessoria de imprensa, houve uma tentativa de contato com prefeituras de municípios vizinhos para negociar a possibilidade de despejar o lixo acumulado em um aterro sanitário de cidades próximas, mas nenhuma Prefeitura concordou com a proposta.

 

Representantes indígenas estiveram na audiência na tarde de hoje (Foto: Cleber Gellio)
A prefeita de Miranda, Marlene Bossay, entrou na Justiça com pedido de reintegração de posse (Foto: Cleber Gellio)

Audiência – Na tarde de hoje, a prefeita de Miranda e representantes do grupo de indígenas que fechou o lixão da cidade participam de uma audiência na 4ª Vara da Justiça Federal, em Campo Grande, para definir a situação do município.

A prefeita Marlene Bossay entrou na Justiça com um pedido de reintegração de posse, já que a área do aterro sanitário pertence ao município. “Também quero saber o motiva da manifestação, pois tenho bom relacionamento com os índios, meu gabinete sempre esteve aberto a eles, e durante a manifestação, mandei três recados convidando-os para irem à Prefeitura que eu iria recebê-los”, garantiu Marlene.

Em sua defesa, a prefeita levou uma foto na qual ela estava posada ao lado do cacique Branco, um dos líderes do movimento que interdita o lixão de Miranda. “Foi no Dia do Índio, quando teve um ato de homenagem dentro do meu gabinete dela, todos foram recebidos e eu ouvi as reivindicações deles. O que está acontecendo é uma minoria de dissidentes e nem sei o motivo dessa ocupação”, afirmou a prefeita.

Por outro lado, o cacique Branco, da aldeia Babaçu, acusou a peemedebista de usar foto como pretexto para passar uma imagem distorcida de que “está tudo está bem”. “Realmente, fomos recebidos no gabinete, mas desde que ela assumiu a Prefeitura, nenhuma reivindicação nossa foi atendida, por isso decidimos invadir o lixão, que é uma a área que está em discussão por ser nossa”, ressalta Branco.

Sobre os representantes enviados ao aterro sanitário em no me da Prefeitura, o cacique foi enfático. “Não aceitamos recado, ela teria que ter ido lá pessoalmente falar com a gente”, pontua o líder indígena. Os manifestantes reivindicam melhorias na infraestrutura, saúde e educação das comunidades indígenas da região.

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