Interior

Com 7,7 mil habitantes, Japorã possui apenas 3 médicos para atendimento no SUS

Bruno Chaves | 19/07/2013 12:30

Dos nove municípios sul-mato-grossenses selecionados pelo Governo Federal para receberem profissionais da saúde do “Programa Mais Médicos”, Japorã – a 487 quilômetros de Campo Grande – é o menor município. De acordo com o Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010, o município conta 7.731 habitantes e apenas três médicos que fazem atendimento na saúde pública da cidade.

Segundo o prefeito Vanderley Bispo (PT), pelo menos quatro médicos precisariam ser contratados para atenderem a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde). “Os médicos se recusam a morar nas comunidades pobres. Os que atuam em Japorã moram em outras cidades”, disse.

Para o prefeito, esse é um problema enfrentado por todos os municípios pobres e, no que tange a Joporã, a situação é mais grave por causa da comunidade indígena, que representa mais da metade da população da cidade.

“A Sesai (Secretaria Especial da Saúde Indígena) tem auxiliado. Hoje, a secretaria tem dois médicos e dois dentistas que atendem os indígenas. Mas eles não têm condições de trabalho. Falta material e faltam remédios”, afirmou o prefeito.

Por causa dessa situação, os índios, muitas vezes, preferem recorrer a benzedores e curadores aos profissionais de saúde. “Eles se consultam e tomam a ‘raizada’ porque os médicos não têm condições de passaram o tratamento correto”, conta.

Ainda de acordo com Vanderley, os postos de saúde do município, tantos os dedicados aos indígenas quanto aos dedicados à população em geral, não estão em “condições humanas” de atendimento. “Temos cadeiras de dentistas quebradas há dois, três anos”, exemplifica.

Com isso, Vanderley acredita que medidas tomadas pelo Governo Federal, como o “Programa Mais Médicos”, podem beneficiar a população de pequenas cidades. “A atitude tomada foi correta. Agora, espero que os médicos venham”, avalia.

Salários - O prefeito conta que os salários de médicos do PSF (Programa Saúde da Família) em Japorã chegam a R$ 12,5 mil/mês. “Mas tem municípios que chegam a pagar R$ 18 mil mensais, maior até que a bolsa do Governo Federal, e não se encontram médicos que queriam morar nas cidades pobres”, avalia.

“Às vezes, o médico perde mais tempo na estrada do que no município, já que tem que ficar viajando de uma cidade a outra para atender a população”, exemplifica.

Em uma cidade pequena como Japorã, a falta de médicos ainda causa maiores gastos na saúde. O prefeito cita que situações corriqueiras, como fratura de um dedo, por exemplo, precisam ser atendidas em outros municípios.

“O cidadão tem que ir para outra cidade. Isso onera o município porque tem que levar para fazer exames, cirurgias e retornos”, conta.

A saúde pública de Japorã consome 23% do orçamento municipal, revela o prefeito.

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