Interior

Ato “fora Dilma” reúne 700 pessoas, dura meia hora e organizador é vaiado

Público na Praça Antonio João não chegou nem a 10% da meta da organização, que era reunir oito mil pessoas no centro de Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 12/04/2015 17:35
Douradenses protestam na Praça Antonio João; público foi de pouco mais de 10% do número de manifestantes do ato realizado em março (Foto: Eliel Oliveira)
Douradenses protestam na Praça Antonio João; público foi de pouco mais de 10% do número de manifestantes do ato realizado em março (Foto: Eliel Oliveira)

Fracassou a tentativa de empresários de Dourados de superar na manifestação deste domingo o público de seis mil pessoas do protesto realizado no dia 15 de março. De acordo com a Polícia Militar, apenas 700 pessoas foram à Praça Antonio João, no centro da maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, a 233 km de Campo Grande.

O número de manifestantes não chegou nem a 10% das oito mil pessoas que entidades ligadas ao comércio, aos pastores evangélicos e a Maçonaria pretendiam mobilizar nesta tarde. O manifesto durou pouco mais de meia hora e acabou por volta de 16h.

O ato de hoje não teve a passeata realizada no mês passado na Avenida Marcelino Pires. Em vez da manifestação nas ruas, os organizadores montaram um sistema de som na concha acústica da praça para os discursos.

A ideia, no entanto, acabou provocando uma confusão no momento do discurso do presidente da Associação Comercial e Empresarial da cidade, Antonio Nogueira. Ele foi vaiado e teve que encerrar o discurso pela metade.

Ao citar um artigo do professor aposentado e militante histórico do comunismo Fausto Matto Groso, em que ele diz que o Partido dos Trabalhadores “não é de todo ruim” e que o governo errou ao pedir para a população consumir desenfreadamente e “votar no PT”, Nogueira não foi compreendido pela maioria dos presentes e acabou vaiado. O dirigente ainda tentou retomar o discurso, foi novamente interrompido pelas vaias e largou o microfone.

Mudança de discurso – Outro fato percebido nesse segundo protesto é que a organização passou a defender abertamente a saída de Dilma Rousseff da presidência da República. “Fora Dilma!, Fora Dilma!, Fora Dilma!”, repetia à exaustão o locutor oficial da manifestação, Cláudio Gaiofato, da Acomac (Associação de Comerciantes de Materiais de Construção). No dia 15 de março, o presidente da Aced havia dito que o protesto era pelo fim da corrupção e não pelo impeachment da presidente.

Também voltaram à praça neste domingo a caricatura de Dilma, levada pelo bioquímico Racib Panage Harb, e uma faixa pedindo “intervenção militar já!”. Segundo a Consultoria Legislativa do Senado, não existe amparo legal para uma intervenção militar constitucional no país.

Racib também roubou a cena a chorar durante o discurso e fazer uma alerta à população, afirmando que a corrupção está presente em todas as esferas do poder e que em todos os partidos há corruptos. “A corrupção não está só em Brasília. Está a 240 quilômetros de nós, em Campo Grande, está aqui em Dourados também. Não é só o PT que está envolvido, mas também PSDB, PMDB. Abram os olhos. O brasileiro tem que tomar vergonha na cara e nós estamos tomando, porque estamos indo para as ruas para mostrar nossa indignação”, afirmou.

Carta ao Legislativo – O protesto acabou com a leitura de uma carta, feita pelo vice-prefeito Odilon Azambuja (PMDB), endereçada ao Congresso Nacional, à Assembleia Legislativa e à Câmara de Vereadores de Dourados. Na carta, as entidades organizadoras da manifestação solicitam que legisladores envolvidos em escândalos de corrupção renunciem a seus mandatos e devolvam o dinheiro do qual teriam se apropriado.

A carta pede também uma rigorosa fiscalização nos contratos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), citado no documento como “um dos maiores antros da corrupção no país”.

Segurança – Contando com um público ainda maior do protesto de março, o comando da Polícia Militar levou pelo menos 120 policiais para a Praça Antonio João. Levando em conta o número de pessoas calculado pela própria PM, dava uma média de um policial para cada seis manifestantes.

“Nos preparamos para um protesto com muito mais gente. Mas é melhor estar preparado do que ser surpreendido”, afirmou o comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Carlos Silva.

PM levou pelo menos 120 policiais para a praça, um para cada grupo de seis manifestantes (Foto: Eliel Oliveira)
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