Interior

Após prometer demarcações em MS, presidente da Funai é exonerado

Demissão Antônio Costa foi confirmada hoje; ex-presidente era contra indicações feitas por Carlos Marun para regional da Funai

Helio de Freitas, de Dourados | 05/05/2017 09:30
Antonio Costa durante entrevista ao Campo Grande News, dia 28 de março, em Dourados (Foto: Helio de Freitas)
Antonio Costa durante entrevista ao Campo Grande News, dia 28 de março, em Dourados (Foto: Helio de Freitas)

Um mês e sete dias após prometer, durante reunião com índios em Dourados, destravar as demarcações em Mato Grosso do Sul, Antônio Fernandes Toninho Costa foi exonerado hoje (5) da presidência da Funai. A exoneração foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, e publicada no Diário Oficial da União.

Ainda sem substituto definido, Antônio Costa sai em momento conturbado na política indigenista brasileira. No fim de semana, dez índios da etnia Gamela ficaram feridos em conflito com fazendeiros no Maranhão. Costa disse que a situação fugiu do controle da Funai.

Formado em odontologia e especialista em saúde indígena, Antônio Costa foi indicado para o cargo na cota do PSC. Nas últimas semanas enfrentava desgaste político, inclusive em Mato Grosso do Sul, onde o deputado federal Carlos Marun (PMDB), um dos principais aliados do governo Temer no Congresso, tenta emplacar indicações políticas para a coordenação regional de Campo Grande.

Durante reunião com índios de aldeias da região, no dia 28 de abril deste ano, em Dourados, Antônio Costa falou ao Campo Grande News e prometeu atuar para destravar as demarcações em Mato Grosso do Sul. Entretanto, não se sustentou no cargo para cumprir a promessa.

“Nossa proposta é começar a partir de hoje uma caminhada para que as comunidades indígenas, especialmente os guarani-kaiowá, não sofram mais com a falta de esperança e de solução de seus problemas”, declarou ele, em frente à sede do MPF (Ministério Público Federal) em Dourados.

Os índios de MS protestam pela falta de cumprimento de um compromisso assinado há uma década, em 2007, que previa, até março de 2008, a contratação de equipes para a realização de estudos técnicos para a demarcação de terras. Segundo eles, pouca coisa avançou desde então.

Antônio Costa disse na entrevista que a intenção era destravar as medidas anunciadas em 2007. “Enquanto eu for presidente da Funai, vamos fazer avançar todos os itens não cumpridos desse acordo. Esse é meu compromisso”.

Sai por ser honesto – Através de mensagem de whatsapp, Antônio Costa disse que foi exonerado por ser honesto, por ser "defensor da causa indígena" e por não compactuar com malfeitos. Ele também responsabiliza o atual ministro da Justiça, Osmar Serraglio, a quem chamou de “ruralista”. A Funai é subordinada ao Ministério da Justiça.

Costa também aponta como motivo a sua resistência em aceitar indicações políticas para a Funai, mas não chegou a citar Carlos Marun. Disse que o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), indicou 20 pessoas "que nunca viram um índio na vida” para cargos na fundação.

“Estou sendo exonerado por ser honesto e não compactuar com o malfeito e por ser defensor da causa indígena diante de um ministro ruralista", afirmou Antonio Costa.

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