Interior

Alto custo de produção faz produtor trocar mandioca por outra cultura

Renata Volpe Haddad, enviada especial a Ivinhema | 19/11/2015 09:34
Plantação de urucum tem baixo custo, as árvores duram até 20 anos e a atividade é lucrativa. (Foto: Fernando Antunes)
Plantação de urucum tem baixo custo, as árvores duram até 20 anos e a atividade é lucrativa. (Foto: Fernando Antunes)

Cansados do baixo valor pago pela raiz de mandioca, produtores de Ivinhema, distante 282 km de Campo Grande, decidiram arriscar em outra cultura e há nove anos redescobriram o urucum, atividade que demanda baixo investimento e boa rentabilidade para os produtores.

Com investimento baixo de R$ 1,5 mil é possível fazer o plantio de sete hectares de urucum. As árvores duram até 20 anos e a muda custa apenas R$ 0,35. A colheita é feita uma vez por ano e gera emprego temporário para os moradores do município.

Quem decidiu investir no urucum e levar a atividade para Ivinhema, foi o coordenador do grupo de produtores Edimilson Gonçalves. Produtor de mandioca por dez anos, ele já não aguentava mais o baixo valor pago pela raiz e o alto investimento para a produção. "Então eu fui pesquisar o que eu e meus vizinhos poderíamos plantar, algo diferente. Ai descobri em São João Palladino, São Paulo, o urucum e que os produtores conseguiam se manter com o plantio", conta.

O coordenador alega que ele e mais 24 produtores se interessaram pela atividade. Quando resolveram plantar, apenas 16 apoiaram a ideia e 12 realmente plantaram. "Eu arrisquei, abracei a ideia e deu certo. Hoje, em Ivinhema, são 80 produtores de urucum, porque eles viram que dá para ganhar dinheiro", afirma.

Edimilson Gonçalves redescobriu o urucum e decidiu investir na plantação. (Foto: Fernando Antunes)

Multinacional – A multinacional Christian Hansen com sede em São Paulo, compra todos os anos a produção de urucum de alguns produtores do município. A semente é utilizada para várias atividades, mas 45% é destinada para corantes.

Segundo Edimilson, o transporte do urucum é de responsabilidade da multinacional que também doa as sementes. "Eles pagam R$ 6,70 pelo quilo e um pé, pode dar até 7 quilos. Na minha propriedade eu plantei 1,4 mil árvores de urucum e a manutenção é fácil, é só poda", explica.

O produtor afirma que consegue sobreviver apenas do lucro do urucum, mas como a atividade é rentável, passou a investir em outras coisas, como plantação de eucalipto e criação de gado. "Tenho 50 cabeças de gado e trabalho com produção leiteira, tiro 50 litros por dia de leite. O eucalipto que me decepcionou, porque Ivinhema é longe dos polos industriais e eu não pretendo cortar, porque pagam baixo o preço, ai não compensa", analisa.

Adaptação - O urucum se adaptou bem em Ivinhema, já que a terra é bem vermelha e não é arenosa. Como chove muito na região, isso ajudou com a cultura. Fátima do Sul, Angélica, Amambai e Nova Alvorada do Sul, possuem plantações, mas a atividade começou a ser explorada recentemente.

Segundo Gonçalves, o plantio do urucum tem que ser feito em março ou abril, para que a colheita possa ser feita em agosto. "A colheita dura 30 dias e não é difícil de fazer e nem um trabalho pesado, já que não pode encher muito a cesta, pois corre o risco da semente amassar", avalia. 

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