Cidades

Índios de MS e 3 estados denunciam truculência da PF

Redação | 12/03/2009 16:14

Lideranças indígenas denunciaram hoje várias ações "truculentas" da Polícia Federal contra comunidades em Pernambuco, no Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e na Bahia. As reclamações e relatos foram feitos durante a reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (Cnpi), ligada ao Ministério da Justiça.

Os líderes indígenas citaram o caso de uma ação da PF para garantir o cumprimento de uma ordem de reintegração de posse contra os índios Tupinambás, na Serra do Padeiro (BA).

A índia Pierangela Cunha, da etnia Wapixana, que integra a bancada indígena na Cnpi, disse que em janeiro de 2008, para cumprir uma decisão judicial em favor de fazendeiros, a Polícia Federal utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os índios, além de incendiarem suas roças. "Queremos que esses casos onde houve violência excessiva sejam apurados", afirmou.

A líder disse ser importante que nas ações policiais nas comunidades indígenas haja "um acompanhamento mais efetivo" por parte da direção da Polícia Federal para evitar os excessos dos agentes.

O delegado federal Carlos Santos explicou que o caso da Serra do Padeiro "houve uma resistência por parte dos indios tupinambás". E garantiu que que nas ações da PF "tudo é feito dentro de um processo moderado, com medidas de menor potencial lesivo". Santos disse ainda que a Polícia Federal não tem interesse em conflitos e que só utiliza a força em "casos extremos".

Pierangela Cunha defendeu a necessidade de se estabelecer diretrizes para ações da Polícia Federal em terras indígenas. "Deve haver um diálogo da Polícia Federal, com a Funai (Fundação Nacional do Índio) e com as lideranças indígenas para que não ocorram esses abusos", disse.

O delegado Santos explicou que já existe um planejamento da PF e da Funai para um trabalho conjunto com as lideranças indígenas. Segundo ele, o interesse é de "aprimorar um trabalho de comunhão".

LocalNo ínicio deste mês, o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denunciou que a prisão de indígenas na aldeia de Paso Piraju, no último dia 12 de fevereiro, em Dourados, foi marcada por abuso por parte dos policiais militares e civis.

Na ocasião, foram presos o líder da comunidade Carlitos de Oliveira, Plácida Brites (esposa de Carlitos), Estevão Duarte e Nilson Duarte. Eles são acusados de furtar eletrodomésticos do pesqueiro "Rancho e Lazer: Toca do Lobo", que pertence ao policial militar Persilio Paes da Costa.

De acordo com o Cimi, policiais militares e civis, de posse de um mandado judicial, chegaram à aldeia em cinco camburões, por volta das 6h. Conforme a denúncia, durante três horas de ação, os policiais quebraram as portas das casas dos indígenas, além de destruírem objetos como ventiladores, televisores, fogão, guarda roupa e celulares.

Os índios também relataram que receberam tapas e foram ofendidos. Segundo eles, a violência fez com que alguns policiais abandonassem a ação. Os indígenas encaminharam denúncia ao Cimi e MPF (Ministério Público Federal).

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