Cidades

Familiares fazem ato para lembrar um ano das mortes de Breno e Leonardo

Jéssica Benitez e Luciana Brazil | 30/08/2013 09:52
Um ano depois do crime, as mortes ainda causam comoção (Foto: Cleber Gellio)
Um ano depois do crime, as mortes ainda causam comoção (Foto: Cleber Gellio)

Há exatamente um ano os jovens Breno Silvestrini, 18 anos, e Leonardo Fernandes, 19 anos, foram encontrados mortos após serem sequestrados na porta de um bar em Campo Grande. Para marcar a data, cerca de 100 pessoas estão em um posto de gasolina em frente ao Aeroporto da Capital, de onde sairão em comboio rumo ao macroanel rodoviário, na BR-262, local em que os corpos dos estudantes foram encontrados.

A reunião é o primeiro evento da Associação Mães da Fronteira, fundada pelas mães dos garotos. O objetivo é lutar por maior fiscalização nas divisas de Mato Grosso do Sul com outros países, já que Breno e Leonardo foram sequestrados por um grupo que tinha a intenção de levar o carro que os rapazes estavam para a Bolívia.

A mãe de Leonardo, Ângela Fernandes, disse que a morte do filho foi um divisor de águas em sua vida e mesmo com toda a dor que o assassinato trouxe, ela tem algo a agradecer. “Agradeço por ter tido a oportunidade de ter convivido com eles. Dois garotos maravilhosos”, disse. Para ela, a associação tem como maior objetivo tentar frear o tráfico de drogas na fronteira, tendo em vista que os rapazes foram mortos por causa de dois quilos de cocaína.

A Mães da Fronteira, criada oficialmente em 15 de agosto, já conseguiu a primeira grande conquista. No dia 24 de setembro integrantes da associação vão até Brasília onde se reunirão com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), juntamente com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Vamos correr atrás das autoridades porque, nos EUA, por exemplo, ninguém consegue entrar vindo do México sem passar por fiscalização”, disse a 1ª secretária da associação, Andréia Muller.

Hoje haverá culto inter-religioso na Concha Acústica, no Parque dos Poderes. Amanhã será o lançamento da pedra fundamental no local que será construída a Praça “Bosque da Paz Breno e Leonardo”, no bairro Caranda Bosque.

Um casal que perdeu a filha na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), também está em Campo Grande especialmente para acompanhar os eventos.

Saudade – Visivelmente emocionado, o pai de Breno, Rubens Silvestrini, contou que a dor sempre vai assolar a família. “Minha ficha caiu quando fiquei sabendo da morte do meu filho, mas achei que a dor fosse passar ao decorrer do tempo. Me enganei, a perda dói da mesma forma. A saudade só aumenta e a revolta contra o sistema que nada faz só aumenta”, desabafou.

Condenação – No último dia 07, pouco antes de o crime completar um ano, os seis envolvidos na morte dos acadêmicos foram condenados a uma pena de 209 de prisão, quando somadas. Rafael da Costa da Silva, de 18 anos, foi condenado a 42 anos e 4 meses de prisão; Raul de Andrade Pinto, 22 anos, teve pena estabelecida de 35 anos e 4 meses; Weverson Gonçalves Feitosa, 22, foi condenado a 36 anos e quatro meses, três anos a mais que Dayani Aguirre Clarindo, de 24 anos.

Já Edson Natalício de Oliveira Gomes teve a menor pena, de 29 anos e 8 meses de prisão. Por último, Jonilton Jackson Leite de Almeida foi condenado a 32 anos e 10 meses de prisão. A sentença foi proferida pela 3ª Vara Criminal de Campo Grande, sob responsabilidade da juíza Eucélia Moreira Cassal. O crime, que ocorreu em agosto do ano passado, foi classificado como latrocínio (roubo seguido de morte). Segundo a sentença, os condenados deverão cumprir a pena corporal inicialmente em regime fechado.

O crime - Segundo o inquérito policial, Rafael e Weverson aguardaram as vítimas saírem de um bar em Campo Grande. No momento em que Leonardo acionou o alarme da caminhonete Pajero, ele e o amigo foram abordados pela dupla.

Weverson assumiu a direção do veículo. Leonardo foi para o banco do passageiro, enquanto que Breno foi para o banco de trás junto com Rafael. De lá, seguiram para as saídas de Aquidauana e Rochedo, na região do Indubrasil.

Eles estavam sendo seguidos por um Fiat Uno, onde estavam Dayane e o irmão de Rafael, um adolescente de 17 anos. Durante o trajeto, segundo a delegada, Breno foi violentamente espancado por Rafael. Na entrada de uma galeria de água pluvial, os estudantes tornaram a ser espancados pela dupla. As vítimas chegaram a implorar para não morrerem.

Os dois foram colocados de joelhos. O primeiro a ser morto foi Breno com um tiro na cabeça. Leonardo ao ver que o amigo havia sido baleado, se mexeu e o tiro acabou acertando sua cabeça de lado. Todos os disparos foram feitos por Rafael. Os estudantes foram mortos cerca de 30 minutos após serem abordados.

Após o assassinato, Weverson, Rafael e Dayane seguiram rumo a Corumbá na Pajero. Já o adolescente deixou o local dirigindo o Fiat Uno e foi para a casa de Raul, no bairro Guanandi. Próximo da entrada de Corumbá, o trio abandonou o veículo após se depararem com uma barreira do DOF (Departamento de Operações da Fronteira). Os três se esconderam em um matagal na região.

Dayane foi a primeira ser presa, em Corumbá. Ela entregou a Polícia os outros envolvidos no crime. Rafael foi capturado ainda na mata e Weverson na casa do pai dele, em Aquidauana. Raul foi preso na casa dele, onde a adolescente também estava.

Durante as investigações, a Polícia utilizou um helicóptero do Exército Brasileiro nas buscas à arma utilizada no crime, um revólver calibre 38. A aeronave sobrevoou a área onde os bandidos se esconderam. Todos os envolvidos foram presos em flagrante, já que a polícia resolveu o caso em menos de 24 horas de trabalhos ininterruptos.

Emoção marcou o início de concentração em frente ao Aeroporto Internacional (Foto: Cleber Gellio)
Mãe conta que crime marcou sua vida e inicia uma nova luta (Foto: Cleber Gellio)
Nos siga no