Cidades

Família coloca anúncio no jornal para tentar pagar dívida de R$ 13 mil

Ricardo Campos Jr. | 17/12/2010 18:00

Situação da família é "crítica" segundo texto dos classificados

Família corre o risco de perder casa. (Foto: João Garrigó)
Família corre o risco de perder casa. (Foto: João Garrigó)

Para tentar receber ajuda por conta de dívidas, uma família de Campo Grande recorreu aos classificados do principal jornal de Mato Grosso do Sul. Com o título “Mãe tenta suicídio”, o texto chama atenção.

Logo na primeira linha, o motivo da atitude aparentemente desesperadora. “Pela situação financeira. Já pediu ajuda para os programas não obteve nada. Marido recicla. A família está numa situação crítica há 6 anos. Pode perder a casa”, diz o anúncio.

A mãe em questão é Iraci Rodrigues Lelis, 40 anos, que mora junto com o marido Jofre Lelis Duraes Júnior e dois filhos, um de 16 e outro de 14 anos, em uma casa no bairro Jardim Cangurú, na periferia da Capital. A casa é construída de alvenaria e fica em uma região bem simples da cidade.

Iraci conta que os problemas da família começaram há alguns anos quando ela emprestou uma quantia em dinheiro que tinha guardada no banco para que a irmã mais velha fizesse faculdade.

Ela garante que não se lembra exatamente quanto foi e diz que o empréstimo nunca foi pago. Para quitar contas, foi necessário usar mais dinheiro bancário e hoje o casal deve R$ 13.816.

Sem solução teve que vender a casa em que morava, localizada no mesmo bairro, para tentar, sem sucesso, quitar a dívida.

“Nós só não ficamos no olho da rua porque nós compramos essa casa, que está há 6 anos com as prestações atrasadas. Estamos correndo o risco de perder”, conta Iraci.

Ela, o marido e os filhos passaram a trabalhar com reciclagem. “É pouco, rende em torno de R$ 46 dependendo da quantidade. Quem vive com isso?”. As crianças tiveram que parar os estudos por algum tempo para ajudar a família.

Renda da família provem da reciclagem

Jofre, o marido, tentou trabalhar para uma prestadora de serviços a Enersul, mas, segundo ele, acabou internado em um sanatório por 2 meses após um surto psicótico.

Hoje é ela quem está tomando remédios controlados e por conta da depressão, o último emprego que conseguiu foi o de auxiliar de serviços gerais em uma prestadora de serviços, afirma.

Iraci não se recorda das datas em que perdeu o trabalho, que o marido foi internado ou que os problemas depressivos começaram e culpa os “fortes remédios” por isso.

Iraci também encaminhou cartas a vários programas, mas não os sociais do governo. Escreveu para apresentadores de programas de auditório, esperando que lhe dessem uma casa nova ou pelo menos cursos profissionalizantes.

O filho chegou a se inscrever no Instituto Mirim, mas em função dos estudos parados não conseguiu ingressar.

Ela garante que já matriculou os filhos para o ano letivo de 2011 e que irá fazer um esforço para colocar o mais novo em uma escolinha de futebol e espera que o garoto tenha futuro no esporte.

Já o mais velho tem pela frente o alistamento militar, como não consegue emprego por ser adolescente, Iraci espera que ele se interesse pela carreira.

No entanto, questionada se aceitaria trabalhar de diarista caso procurasse uma das agências públicos de emprego disse: “Se não for muito pesado. Eu tomo remédios muito fortes”.

O marido está tentando conseguir aposentadoria por invalidez, levando em conta os problemas psiquiátricos e uma bursite que teve no braço. A próxima perícia está marcada para janeiro.

Quem quiser ajudar a família de Iraci pode entrar em contato pelos telefones 9631-3467.

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