Cidades

Explosão de agência bancária foi ação do "Novo Cangaço", diz polícia

Forma de agir dos criminosos, com muita violência e armas pesadas, é mais comum no norte e nordeste do país

Leandro Abreu | 01/07/2016 16:09
Da esquerda para a direita, Wellington Xavier, Wemerson Alves, José Ronaldo dos Santos e Márcio Rodrigues foram presos pelo Garras durante a investigação. (Foto: Fernando Antunes)
Da esquerda para a direita, Wellington Xavier, Wemerson Alves, José Ronaldo dos Santos e Márcio Rodrigues foram presos pelo Garras durante a investigação. (Foto: Fernando Antunes)

"Novo Cangaço". Assim é conhecida ações como a da noite de terror ocorrida em Sonora, no dia 18 de abril, quando uma quadrilha de sete bandidos parou a cidade, metralhou batalhões e delegacia de polícia e explodiu a única agência do Banco do Brasil local, causando um prejuízo de mais de R$ 1 milhão.

Uma forma de os criminosos agirem usando muita violência e armamento pesado é mais comum nas regiões norte e nordeste do país. De nove envolvidos no total, entre assaltantes e os que colaboraram na fuga, quatro foram presos, três estão identificados, mas continuam foragidos e outros dois ainda não estão identificados pela Polícia Civil, que apresentou na tarde desta sexta-feira (1) um balanço dos trabalhos de investigação.

De acordo com o delegado Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), que comandou as investigações na cidade e em estados vizinhos, não se descarta a possibilidade de mais pessoas terem participado da ação. José Ronaldo dos Santos, 40 anos, Wellington Xavier, 37 anos e Márcio Rodrigues, 38 anos, foram presos em Várzea Grande, no Mato Grosso. Já Wemerson Alves, 32 anos, foi encontrado pela polícia em Goiás.

Delegados Fábio Peró e Edilson dos Santos do Garras, e Francis Freire, de Sonora, apresentaram os primeiros resultados da investigação nesta sexta-feira (1°). (Foto: Fernando Antunes)
Cerca de 14 kg de explosivos e 51 metros de fiação explosivas foram encontradas em barril enterrado na casa de suspeito. (Foto: Fernando Antunes)

Ainda estão foragidos e identificados Bruno Saraiva, 30 anos, Ronalth Correia, 35 anos e o chefe da quadrilha, Waldir Duque, 32 anos, que chegou a ter sua casa vistoriada pela polícia em Goiânia, mas ninguém foi encontrado. Somente os familiares estavam presentes.

“Os integrantes vivem se mudando e moram principalmente nos Estados do Pará, Tocantins, Goiás e Mato Grosso. Esse tipo de ação do Novo Cangaço não é a primeira vez que ocorre aqui em Mato Grosso do Sul, mas é bem conhecida e realizada no norte e nordeste do país”, comentou Peró.

As prisões foram feitas pelo Garras em parceria com a Delegacia de Sonora, o GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) de Cuiabá (MT) e a Delegacia de Roubo a Banco de Goiânia (GO). “Escolheram Sonora pela posição geográfica, para facilitar a fuga para o Mato Grosso, e pela economia da cidade, que tem uma usina e circula muito dinheiro. Já é feito um trabalho de inteligência em parceria com outros Estados sobre quadrilhas especializadas em roubo de bancos, mas o que dificulta muito o trabalho da polícia é a forma como eles se reúnem e agem muito rápido”, explicou o titular do Garras, delegado Edilson dos Santos.

Dois carros usados no crime, 14 kg de explosivos e 51 metros de fiação explosiva foram apreendidas nas ações policiais. Os explosivos estavam escondidos dentro de um barril enterrado no quintal da casa de Márcio, em Várzea Grande. Conforme o Garras, essa quantidade de explosivo poderia ser usada para pelo menos mais cinco assaltos nas mesmas proporções e estragos dos realizados em Sonora.

Banco ficou totalmente destruído após explosões e prejuízo atingiu aproximadamente R$ 1 milhões. (Foto: Direto das Ruas)

Novo Cangaço – Na madrugada do dia 18 de abril, por volta das 2h30, sete homens com fuzis calibre 5.56 mm, submetralhadoras 9 mm, escopetas calibre 12 e pistolas .40, chegaram na cidade pela fronteira com Mato Grosso. Eles se dividiram em três equipes. Uma ficou em frente ao batalhão e delegacia de polícia do município, realizando rajadas de disparos para que os agentes não pudessem impedir a ação. Outro grupo ficou em frente da agência do Banco do Brasil, também atirando em rajadas para o alto, enquanto a terceira equipe foi para dentro do banco e explodiu os cofres.

Ao todo, cerca de R$ 795 mil em dinheiro foram levados e o prejuízo em toda a agência foi contabilizado em R$ 1 milhão. Os ladrões afirmaram terem levado cerca de R$ 500 mil, pois muitas cédulas são perdidas com a explosão. Nenhum valor foi recuperado até o momento com os presos. Eles alegam que eram muitos envolvidos, que o dinheiro foi dividido e usado para pagar contas e comprar alguns bens. Na fuga, dois reféns foram levados, mas liberados em seguida.

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