Estado de exceção no Paraguai termina sem resultados
O estado de exceção no Paraguai termina nesta segunda-feira sem resultados práticos ou a prisão de líderes do EPP (Exército do Povo Paraguaio), razão de ter sido decretado pelo presidente do país vizinho, Fernando Lugo.
A caça ao EPP ocorreu em cinco departamentos (estados) paraguaios, inclusive o de Amambay, que faz fronteira com o Estado. Foram mobilizados quase 3.000 militares e policiais. O presidente não pretende prorrogar o estado de exceção.
Além de autorizar a presença militar nas ruas, as operações permitiram prisões sem mandado judicial.
De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, o único integrante do EPP capturado no período foi Julián de Jesús Ortiz, que tinha função logística, segundo a polícia.
Vários membros da oposição a Lugo chamaram de "fracasso" o estado de exceção e disseram que Lugo é incapaz de coordenar as Forças Armadas. O jornal paraguaio ABC Color também destacou a ineficiência da operação que visava acabar com seqüestros e assassinatos cometidos pela guerrilha.
O governo contestou dizendo que, apesar de não ter acabado com o EPP, obteve bons resultados no âmbito da segurança pública. Lugo promete apresentar os números essa semana no Congresso.
O estado de exceção resultou em diminuição dos índices de criminalidade, prisão de cem foragidos da Justiça e apreensão de quatro toneladas de maconha, segundo o Ministério do Interior.
Ontem, Lugo esteve nos departamentos de Concepción e Amambay para avaliar o efeito da medida e prometeu buscar outro instrumento legal para manter os militares na região.
Formado por jovens pobres e de origem camponesa, o EPP tem como bandeira a reforma agrária e vive camuflado entre sem-terra.
Desde 2001, o grupo reivindicou ao menos quatro sequestros, atentou contra a sede do Poder Judiciário em Assunção e travou combates armados contra a polícia.
As autoridades paraguaias afirmam que o EPP recebeu treinamento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e de organizações cubanas e venezuelanas.
Ontem a tarde, agentes da FOPE (Forças de Operações Policiais Especiais) estiveram em Vallemí, próximo a Porto Murtinho, após denúncia de que seis homens do EPP estavam na região. De acordo com o ABC Color, o peão de uma fazenda de gado viu os homens e alertou as autoridades.
Os militares não encontraram os suspeitos.