Cidades

Escritor põe morte de Rafaat como estopim de guerra entre facções

Priscilla Peres | 06/01/2017 11:49
Metralhadora .50 foi usada para matar chefão do tráfico na fronteira (Foto: Direto das Ruas)
Metralhadora .50 foi usada para matar chefão do tráfico na fronteira (Foto: Direto das Ruas)

Um desentendimento entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Comando Vermelho, após a morte do narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, em junho de 2016, desencadeou a guerra entre as facções que já resultou em rebeliões e morte de dezenas de presos.

Rafaat, até então considerado o chefão do tráfico de maconha na fronteira do Brasil com o Paraguai, foi morto em um atentado cinematográfico em Pedro Juan Caballero, fronteira com Mato Grosso do Sul. Mas algo deu errado entre as facções depois da conquista do território, dando início a uma verdadeira guerra.

O jornalista e escritor Carlos Amorim, 64, já publicou três livros sobre o crime organizado onde conta a trajetória de formação do Comando Vermelho, a aliança com o PCC e a infiltração do crime em instituições do Estado e do mercado econômico.

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, ele afirma que para matar Rafaat as facções se uniram, mobilizando um grupo de mercenários com armas de grosso calibre, como a .50 instalada em uma caminhonete. Ex-militares brasileiros e até gente originalmente ligada ao IRA (Exército Republicano Irlandês), estariam envolvidos no atentado, segundo a agência americana antidrogas, conhecida como DEA.

Carlos Amorim afirma que assim que o PCC e o CV tomaram o poder da região, colocaram uma nova pessoa para comandar a operação. Porém, "houve um desacerto comercial entre eles, alguma coisa foi muito mal e produziu um estremecimento", disse ele durante a entrevista.

A situação desencadeou rebeliões, brigas internas e várias mortes entre as duas facções. No início da semana rebeliões em Manaus deixaram 60 detentos mortos e hoje, 33 pessoas foram mortas dentro da maior penitenciária de Roraima.

No primeiro caso os mortos eram ligados ao PCC e a matança teria sido comandada pela Família do Norte, um braço do Comando Vermelho na região e que disputa a hegemonia dos presídios.
Hoje, o atentado teria sido comandado pelo PCC e os mortos estão ligados à Família do Norte, como uma forma de reação ao ocorrido em Manaus.

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