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Concurseiros questionam aprovada na cota racial e caso para na polícia

Para expor a concorrente, página no Facebook usou fotos até do casamento da participante

Danielle Valentim | 26/09/2018 11:30
Primeira publicação que difamava e expunha fotos da participante foi apagada, mas a segunda, ainda utiliza imagens da vitima. (Foto: Reprodução/Facebook )
Primeira publicação que difamava e expunha fotos da participante foi apagada, mas a segunda, ainda utiliza imagens da vitima. (Foto: Reprodução/Facebook )

A aprovação de uma candidata ao concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul pelo sistema de cotas raciais está provocando polêmica na internet. Uma página no Facebook expôs a foto dela e concurseiros estão questionando, inclusive com ataques à candidata, alegando que ela não teria direito por parecer branca em imagens publicadas nas redes sociais. 

Usando fotos até do casamento da mulher, o post  do perfil “Ser Policial Por Amor” gerou polêmica e questionamentos à banca de avaliação do certame. Na sequência, internautas passaram a fazer comentários ofensivos na página da concursada que, segundo informações obtidas pelo Campo Grande News, chegou a passar mal. A pedido da família e para não colaborar com o chamado "linchamento virtual", o nome não será exposto.

A candidata atingiu a pontuação de 77 acertos e a 72º posição no concurso. Responsável pelas provas, a SAD (Secretaria de Administração e Desburocratização) informou como funciona o sistema, sem avaliar o caso específico.

De acordo com a assessoria de imprensa, a banca que avalia as cotas raciais é formada por membros do movimento negro, que tem como base o fenótipo dos candidatos, ou seja a aparência. A secretaria ficou de apresentar um posicionamento sobre o caso específico ainda hoje.

A avaliação usada pela comissão levou em consideração as características observáveis, ou seja, a aparência do candidato. A comprovação não considera fotos e, por isso, é feita de forma presencial. Em outros concursos, há também, a avaliação por genótipo que considera a composição genética, independentemente da aparência do candidato. Neste, ela não foi adotada.

A Secretaria ficou de apresentar um posicionamento sobre o caso específico ainda hoje.

Boletim de ocorrência - Além do debate na internet, a candidata se tornou vítima e procurou a Polícia Civil. Segundo o marido da vítima, que também terá o nome preservado, a esposa está sendo atacada na internet e precisou passar por atendimento médico.

“O responsável pela página pegou fotos até do nosso casamento, em que ela estava maquiada. Ela, inclusive está no médico, passou mal com a situação. Tem gente ligando, atacando e perguntando. Ela foi avaliada por uma banca de três pessoas e mesmo sem cota teve pontuaçao suficiente para passar no concurso. Ela foi exposta injustamente e registramos um boletim de ocorrência”, disse o marido.

Na página, os responsáveis dizem que vão manter a publicação por entender que o assunto precisa ser esclarecido. "Vamos deixar aqui para que o pessoal questione a banca quanto ao critério de avaliação para COTAS DE NEGROS, a qual você teve FAVORÁVEL. Enquanto isso, vários negros de fato, tiveram o pedido NÃO FAVORÁVEL.

A publicação também orienta "quem acha absurda a avaliação da banca" a cadastrar manifestação no site do Ministério Público Estadual. O MP foi procurado, mas ainda não se manifestou.

 

(Foto: Reprodução/Facebook)

A página realizou duas publicações nesta terça-feira. A primeira publicação que difamava e expunha fotos da participante foi apagada. Já o segundo post pede para que os internautas questionem a banca, mas, ainda, utiliza fotos da candidata.

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