Cidades

Em três meses, Polícia já atendeu 88 crianças vítimas de estupro na Capital

Nadyenka Castro e Paula Vitorino | 21/03/2011 16:35

Era 15 horas de domingo quando uma mulher de 36 anos, do seu quarto, ouviu a filha de oito anos gritar: “para, para, para”. Desconfiada e sem deixar que a menina e o marido, percebessem, ela foi até a sala e flagrou o abuso sexual do padrastro contra a enteada.

O que aconteceu com a família que mora em Campo Grande é realidade também de muitas outras. De acordo com a delegada Regina Mota, titular de Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), já foram registrados 88 casos de violência sexual no período entre janeiro e março deste ano.

A cena de domingo, presenciada pela mãe, já acontecia há algum tempo, como testemunhas contaram à ela, mas sem ter provas suficientes, elas se calavam. Nesse domingo, a mãe viu e acionou a Polícia, que prendeu o autor, de 45 anos, no local.

À Polícia, ele negou qualquer crime contra a enteada, que toma remédios controlados para epilepsia. No entanto, o acusado admitiu que já havia sido preso pela mesma prática em Ribas do Rio Pardo.

Ele foi preso em flagrante e está detido na Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos), onde aguardará a decisão judicial. Se condenado, o autor pode pegar até 15 anos de reclusão.

Alerta - Ainda de acordo com a delegada, 70% dos crimes acontecem no interior das residências e a maioria destes é praticado por padrastos.

“É muito comum ocorrer estupro na família. A maioria o autor é o padrastos. Alguns alegam que se sentem atraídos pela criança e outros, quando a vítima já é adolescente, dizem que se apaixonaram”, ressalta.

Para evitar que situações como esta aconteçam, a delegada orienta que mães, educadores e demais familiares, fiquem em alerta e prestem atenção nos sinais que a criança transmite de que algo está errado.

“O principal é acreditar nos relatos das crianças e não ficar esperando que uma prova de fato aconteça para tomar uma atitude. As vítimas geralmente dão alguma dica, sinais de que está acontecendo, e estes nem sempre são verbais”, alerta Regina.

De acordo com a delegada, os sinais mais comuns apresentados são o baixo rendimento escolar, a criança ficar arredia e retraída, ter medo de ficar sozinha em casa e até se tornar mais agressiva.

“Muda o comportamento de uma hora para outra”, completa.

A delegada Regina ainda ressalta que a violência sexual pode ser cometida por outros familiares e também fora desse ambiente. Por isso, a família tem que estar sempre atenta à rotina e ao comportamento de crianças e adolescentes.

As vítimas de qualquer tipo de violência sexual devem receber acompanhamento psicológico. O serviço público de saúde oferece atendimento gratuito para as crianças e adolescentes na unidade especializada do CAPSI (Centro de Atenção Psico Social e Infantil) - Travessa Ana Vani, 44, no Jardim dos Estados.

Os telefones para denúncia são: 3385-3456 – Depca e 190.

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