Cidades

Em "dia tranquilo", PMs reduzem efetivo em ato por reajuste salarial

Em Campo Grande, policiais militares e bombeiros se reúnem na praça Ari Coelho em protesto por melhorias

Alberto Dias e Guilherme Henri | 24/05/2016 09:38
Na Capital, efetivo parado se concentra na praça Ari Coelho. (Foto: Fernando Antunes)
Na Capital, efetivo parado se concentra na praça Ari Coelho. (Foto: Fernando Antunes)

Cerca de 200 policiais militares e bombeiros estão reunidos na Praça Ari Coelho, onde deflagraram o que chamam de "dia de alerta", com a paralisação de parte do efetivo em todo o Estado. Desde às 8 horas, cada unidade da PM em Mato Grosso do Sul conta com apenas uma viatura, prejudicando a emissão de boletins de ocorrência e o atendimento aos acidentes de trânsito.

Conforme o presidente da AOFMS (Associação dos Oficiais Militares Estaduais de MS), coronel Alírio Villasanti, os oficiais devem permanecer na praça ao longo do dia, e às 16 horas uma nova assembleia no local vai definir se a paralisação continua ou não. O oficial ressalta que escolheram fazer este movimento na terça-feira por ser um dia mais "tranquilo" e com menos ocorrências. "Ao logo do dia, esperamos uma posição do governo que atenda às categorias", disse.

Ainda segundo o oficial, o efetivo na praça não está faltando o trabalho, pois são apenas aqueles que estão de folga, porém, nas unidades apenas os serviços essenciais estão mantidos, como por exemplo, a ronda externa aos presídios. Já o representante do Corpo de Bombeiros, Nilton Freitas, explicou que o número de viaturas dos bombeiros já é bastante reduzido e por isso o dia de alerta não deve alterar muito os atendimentos. Segundo ele, na Capital rodam três viaturas de operação e resgate, sendo que o ideal seria de oito a dez. Já no interior, a média é uma viatura por cidade.

Viaturas - Em Campo Grande, a Polícia Militar trabalha normalmente com 30 viaturas de quatro rodas por período, numero que será reduzido para sete - uma para cada microrregião da cidade (Centro, Bandeira, Segredo, Prosa, Anhanduí, Imbirussú e Rochedinho). Já o total de motocicletas nas ruas cairá de 50 para 10, segundo informou o coronel Villasanti. No interior, cada cidade terá apenas uma viatura por unidade. O mesmo vale para o Corpo de Bombeiros.

Para o oficial, novos investimentos são urgentes e imprescindíveis para atender a todas as ocorrências, o que não acontece atualmente, principalmente nos fins de semana, quando a criminalidade é maior. Quanto às viaturas, em Campo Grande a mair parte "não poderia estar rodando, com exceção de 10 Chevrolet S-10 alugadas", aponta o tenente da PM, Thiago Mônaco, que é presidente da ABSSMS (Associação Beneficente dos subtenentes, sargentos e oficiais da PM e Bombeiros).

Reinvindicações - Além de pedirem a reposição inflacionária nos salários, as categorias reclamam do sucateamento dos quartéis e viaturas, falta de coletes à prova de balas, ausência de investimentos em tecnologia e más condições de trabalho. "Historicamente, a segurança pública nunca foi prioridade e infelizmente não conseguimos avançar nas negociações com o governo", acrescentou Villasanti, que aguarda reposição que não ocorre desde dezembro de 2014 e que soma 16%.


Representantes das associações de classe da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros que organizam o movimento criticam o abono de R$ 200 concedido aos servidores estaduais, alegando que "abono não é aumento, tampouco reposição inflacionária". Além disso, "não é incorporado ao salário e pode ser retirado a qualquer momento", reclama o representante dos cabos e soldados da PM, Rafael Ribeiro. "Diferente do que o Governo aponta, a maioria não aceita este abono", esclareceu.

O outro lado - Nesta segunda-feira (23), o secretário de Estado de Administração e Desburocratização, Carlos Alberto de Assis, explicou ao Campo Grande News que o abono está garantido até abril de 2017 e já preparam o anúncio de novos investimentos, porém, isso é feito paralelamente às negociações salariais. "São problemas antigos, anteriores a este governo, que não se resolvem em um mês", ponderou.

Para ele, a questão envolve "três sindicatos que não confiam no trabalho do Governo". Conversei com 48 sindicatos e associações que representam 40 mil servidores, dos quais 38 mil já aceitaram, com exceção dos subtenentes e sargentos da PM", explicou o secretário. "É um direito do servidor fazer greve. Se não estão contentes podemos voltar à estaca zero e reiniciar as negociações", finalizou.

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