Cidades

Desafio de médicos estrangeiros vai do idioma a achar cidade no mapa

Aline dos Santos | 04/11/2013 08:42
Curso ensina as regras de funcionamento do SUS. (Foto: Marcos Ermínio)
Curso ensina as regras de funcionamento do SUS. (Foto: Marcos Ermínio)

Com início dos trabalhos nesta segunda-feira, os profissionais intercambistas do programa “Mais Médicos” enfrentam desafios que vão do idioma a encontrar o novo endereço no mapa. Na última semana, um grupo de 19 médicos, maioria cubanos, participou de treinamento sobre a gestão do SUS (Sistema Único de Saúde) em Mato Grosso do Sul. Do total, quatro são brasileiros formados no exterior.

Leonardo Leon Ruiz, 50 anos, conta que procurou Tacuru no mapa, mas não achou a cidade onde vai trabalhar. O município, a 427 quilômetros de Campo Grande, fica localizado no sul do Estado, faixa de fronteira com o Paraguai. Com 20 anos de profissão, o médico traz na bagagem um mestrado em Terapia Intensiva e a experiência de ter trabalhado na África, Bolívia e Venezuela. Do Brasil, conhecia Belém e Bela Vista, na região Norte.

Para ele, o idioma deve trazer dificuldade no começo, mas vê a situação como contornável. “Ainda mais quando se tem necessidade de comunicação. Tenho certeza que vai ser bom. Gente com menos recursos e mais necessidades”, afirma. O médico lembra que todos os cursos no Brasil já foram na língua portuguesa.

Casado com uma médica pediatra e com dois filhos cursando Medicina, Luiz Antonio Liy Rodriguez, 46, diz que não enfrenta problemas familiares para sair mundo afora. “O mais importante é a questão humanitária”, diz o médico que vai trabalhar em Caracol.

Sobre a cidade, traz os dados na ponta da língua. “São 5.300 habitantes, foi fundada em 1963 e com pequena extensão territorial”, diz o profissional, que tem 23 anos de experiência. Em agosto, a Prefeitura informou que o salário para médico era de R$ 28 mil, mas não havia interessados.

Depois de trabalhar por três anos em Sucre, na Bolívia, Lourenzo Cisnero Perez, 44, conhecerá o lado de cá da fronteira. O médico vai trabalhar em Corumbá. “Há médicos cubanos atuando em 177 países”, salienta.

Já Leticia Perez Fernandes, 49, vai atuar em Campo Grande. “Sei que será na periferia”, diz a médica, que, na semana passada, ainda não tinha sido informada em qual unidade de saúde será lotada. Ela já passou pela Guatemala e Venezuela.

Depois de Venezuela e Guatemala, Leticia vai atuar em Campo Grande. (Foto: Marcos Ermínio)
Luiz Antonio vai trabalhar em Caracol. (Foto: Marcos Ermínio)

Desde segunda-feira passada, os médicos recebem informações de como funciona o SUS, disponibilização de medicamentos e unidades para encaminhar os pacientes. Nas menores cidades, é oferecida a chamada atenção básica, ou seja, os cuidados primários em saúde.

O governo federal tem a responsabilidade de levar o médico ao município, custear a bolsa de R$ 10 mil, a especialização e Previdência. Já as Prefeituras vão pagar pela moradia e alimentação. Nesta etapa, foram atendidas dez cidades: Bela Vista, Campo Grande, Caracol, Coronel Sapucaia, Corumbá, Japorã, Mundo Novo, Paranhos, Ponta Porã e Tacuru.

Conforme o Ministério da Saúde, Mato Grosso do Sul deve receber 243 médicos do programa federal. A previsão é de que na primeira semana de novembro novos médicos sejam encaminhados para mais municípios do Estado.

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