Cidades

Cientistas de MS estudam frutas do cerrado no combate ao câncer

Marcio Rodrigues Breda | 15/12/2010 09:09

Graviola

Araticum do cerrado é um dos frutos que pode ser usado no combate ao câncer
Araticum do cerrado é um dos frutos que pode ser usado no combate ao câncer

Pesquisadores da Universidade Federal da Grande Dourados, com suporte da Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul) aprimoraram este ano estudos com um gênero de plantas de grande variedade de espécies frutíferas, conhecidas popularmente como araticum-do-cerrado ou marolo, que poderão ser usadas no futuro tratamento do câncer.

A equipe multidisciplinar é formada pela farmacologista Candida Aparecida Leite Kassuya, a engenheira agrônoma Maria do Carmo Vieira, a química Anelise Samara Nazari Formagio e a toxicologista Arielle Cristina Arena, da UFGD e realiza pesquisas com as plantas do gênero Annonas, que engloba espécies como a graviola (A. muricata), que apresenta componentes ativos para potencial tratamento de doenças.

De acordo com a professora Cândida Kassuya, a graviola apresenta atividade citotóxica, que impede o crescimento do tecido tumoral de diversos tipos de câncer, demonstrando um efeito citotóxico dez mil vezes maior que a Adriamicina, agente tradicionalmente usado contra tumores.

“Como estamos estudando plantas do mesmo gênero da graviola, existe grande possibilidade de termos compostos com similar atividade biológica. Dentre essa plantas estão, por exemplo, o araticum-do-cerrado (A. crassiflora Mart.) e o marolo (A. coriácea)”, explica a pesquisadora.

Os frutos do araticum são consumidos ‘in natura’ ou preparados para consumo regional como geléia, suco ou sorvete. O óleo das sementes é utilizado popularmente para tratar infecções, enquanto a infusão de folhas ou sementes é utilizada para diarreia crônica, como cicatrizante de feridas, tratamento de doenças venéreas, acidentes com cobras e também como antirreumática.

Na tentativa de comprovar a eficácia das espécies, estão sendo desenvolvidos trabalhos utilizando animais de laboratório, necessários para o sucesso da pesquisa. “Até o momento, já se tem resultados preliminares que comprovam a possível atividade antiinflamatória, analgésica, antidiabética e antiartríticas do extrato e frações do araticum”, afirma a farmacologista.

Ainda serão realizados testes toxicológicos para garantir que o araticum não apresenta toxicidade até uma determinada dose. Entretanto, a professora Cândida afirma que são necessários mais estudos para garantir total segurança no uso desta planta.

Grupo realiza pesquisas com as plantas do gênero Annonas, que engloba diversas espécies. Foto: Candida Kassuya
Testes são feitos em cobaias antes de serem administrados em humanos
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