Cidades

Ciclo de debates sobre infância e juventude terminou nesta sexta-feira

Elverson Cardozo | 19/10/2012 17:53
Presidente do Instituto Mirim de Campo Grande foi uma das palestrantes do evento. (Foto: Minamar Junior)
Presidente do Instituto Mirim de Campo Grande foi uma das palestrantes do evento. (Foto: Minamar Junior)

O ciclo de debates sobre infância e juventude, promovido pela Escola Judicial de Mato Grosso do Sul, terminou nesta sexta-feira (19), com palestras de juízes, desembargadores e presidentes de entidades de acolhimento que atuam em Campo Grande, no interior e em outras cidades brasileiras.

O evento foi divido em duas etapas e começou na quarta-feira (17). Hoje, na segunda parte, as palestras foram abertas pela presidente da Angaad (Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção), que abordou “o papel dos grupos de apoio à adoção na rede de atendimento à infância e adolescência”.

No período da tarde, às 13h, três participantes falaram, durante 10 minutos cada um, sobre as “novas modalidades de parceria na infância e juventude”. Major do CMO (Comando Militar D’Oeste), Flávio Augusto de Jesus Solis, apresentou o projeto que coordena no 20º RCB (Regimento de Cavalaria Blindado), o "Forças no Esporte".

Trata-se de uma ação subsidiada pelo Ministério do Esporte, que atende 50 crianças – sendo 40 meninos e 10 meninos -, estudantes da Escola Municipal Eulalia Neto Lessa, localizada no bairro Manoel Taveira, em Campo grande.

No contraturno da escola, as terças, quartas e quintas-feiras, eles vão à base militar onde participam de atividades esportivas como futebol, vôlei, basquete, hipismo e recreação.

É o primeiro ano do projeto no 20º RCB, mas, segundo o major, apesar das adaptações feitas pelo exército, a iniciativa já mostrou bons resultados e intenção é continuar em 2013.

“Uma organização militar treina para outro fim. Nosso público são soldados. Com criança é diferente”, disse, ao mencionar que, mesmo assim, a disciplina continua sendo militar.

A presidente da Casa da Criança Peniel, organização que acolhe meninos e meninas em situação de vulnerabilidade social, Joelma Lucia Damasceno Fachini, de 45 anos, levantou questões importantes e falou sobre a falta de repúblicas e famílias acolhedoras na Capital.

Muitas das crianças acolhidas, quando chegam à maior idade, não têm para onde ir e a entidade não pode simplesmente despejá-la. Se existisse a família acolhedora, explicou, esses jovens teriam um lar no final do acolhimento e, além disso, diminuiria os gastos da organização. “O custo seria 3 vezes menor”, disse, ao explicar que o governo oferece ajuda financeira à família que se dispuser a acolher.

A presidente do IMCG (Instituto Mirim de Campo Grande), Denise Mandarana Castro, apresentou o projeto que já atendeu mais de 17 mil jovens e falou sobre a recente parceria com o Tribunal de Justiça do Estado no projeto Padrinho.

“Dez por cento das vagas do TJ vão ser destinadas às casas de abrigo”, afirmou. Outra novidade é o projeto piloto “empreendedor”, implantado este ano. “A gente quer mostrar para os jovens que não é só Carteira de Trabalho. Se ele quiser, poderá ser um empreendedor”, explicou. Até agora, 5 alunos se cadastraram.

Evento reuniu representes de entidades ligadas à rede de proteção à infância e juventude. (Foto: Minamar Junior)

As juízas Katy Braun e Maria Isabel de Matos Rocha, da Vara da Infância, Juventude e do Idoso, em Campo Grande, apresentaram um diagnóstico da Coordenadoria da Infância e Juventude do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul.

Entre os temas estavam os programas para enfretamento de questões relacionadas ao trabalho infantil, violência doméstica e sexual. “A maioria das cidades não tem esses programas”, afirmou Maria Isabel. “Esse diagnóstico ele expõe a gente”, completou.

O levantamento também mostrou que 70% dos casos de abandono de menores estão relacionados a pais que usam álcool e drogas. “Não temos programas correspondentes, nem para prevenção, nem para tratamento”, disse Katy Braun.

Por outro lado, o número de adoções ilegais diminuiu com a aplicação do programa “Dar a Luz”.

Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Antonio Carlos Malheiros, foi um dos últimos a falar e abordou as “atividades da infância e juventude no Estado de São Paulo”.

O evento reuniu magistrados, promotores de justiça, defensores públicos, psicólogos, assistentes sociais e demais representantes de instituições ligadas à rede de proteção à infância e  juventude.

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