Cidades

CCR inicia obras para mudar fama da 163 de "morte para progresso"

Edivaldo Bitencourt e Filipe Prado, enviado especial a Dourados e Caarapó | 24/07/2014 16:14
Máquinas e operários iniciaram a duplicação da rodovia por Caarapó (Foto: Marcelo Victor, enviado especial a Caarapó e Dourados)
Máquinas e operários iniciaram a duplicação da rodovia por Caarapó (Foto: Marcelo Victor, enviado especial a Caarapó e Dourados)

A MSVia CCR deu início as obras de duplicação da BR-163, que prometem mudar a fama de “Rodovia da Morte” para “estrada do progresso”. Com previsão de investir R$ 3,4 bilhões em cinco anos, a concessionária instalou o primeiro canteiro de obras em Caarapó, a 283 quilômetros da Capital.

“A duplicação vai transformar a BR-163 de rodovia da morte na rodovia do progresso”, afirma o prefeito da cidade com 23,6 mil habitantes, Mário Valério (PR). Máquinas já estão a todo vapor no município, que terá 20 quilômetros duplicados nesta primeira fase.

Outros seis trechos serão duplicados até outubro do próximo ano. Segundo o diretor de engenharia da MSVia, Décio de Rezende Souza, o canteiro terá nove metros e serão duas faixas de cada lado com 3,6 metros de largura. O acostamento terá mais 2,5 metros. Só no perímetro urbano, cada sentido da via será divido por uma barreira central.

Até o final de 2015, a CCR planeja duplicar 129 quilômetros. No ano seguinte, serão outros 193 quilômetros. A meta é concluir os 806 quilômetros da rodovia até o final de 2018. Também implantadas 17 bases de apoio, 505 câmeras de vigilância e 13 radares fixos.

Pedreiro, Vanderlei está otimista com as obras para melhorar o tráfego de veículos na rodovia (Foto: Marcelo Victor)
Agricultores falam da expectativa com obra. José, a direita, perdeu o filho em um acidente de trânsito na rodovia (Foto: Marcelo Victor0

Esperança – A duplicação da BR-163 traz esperança até para quem já perdeu um parente em acidentes na rodovia. Este é o caso do agricultor José Mourafsuti, 60 anos, que, há três anos, perdeu o filho de 20 anos em um acidente automobilístico na fatídica rodovia. “Ele estava saindo e um caminhão o pegou”, contou o pai.

“A duplicação vai melhorar em tudo, vai virar outra rodovia”, afirmou Mourafsuti. Ele admitiu que sente vergonha da estrada quando viaja para São Paulo. Ele explica que o estado vizinho tem vários trechos com curvas e subidas, mas tem rodovias duplicadas e em melhores condições.

Outro produtor rural, Amarildo dos Santos, 52, diz que a duplicação vai transformar a BR-163 em outra rodovia. No entanto, ele teme as praças de pedágio. “Tomara que não tenha uma perto da cidade”, explica. Santos diz que chega a ir até 10 vezes em um único dia a Caarapó. O valor médio do pedágio a cada 100 quilômetros será de R$ 4,38. Serão nove praças de pedágio ao longo da rodovia entre as divisas de Mato Grosso do Sul com Paraná e Mato Grosso.

“Vai melhorar muito porque vai ter menos acidentes, já estava na hora”, comentou o pedreiro Vanderlei de Souza Melo, 29, outro morador de Caarapó. Ele espera que a fama da rodovia também mude, já que só se falam nos trágicos acidentes de trânsito.

Duplicação vai mudar fama de trágica para rodovia do progresso, prevê prefeito de Caarapó (Foto: Marcelo Victor)

Para o prefeito de Caarapó, a obra é oportuna. “A duplicação da BR-163 vai dar mais qualidade de vida e segurança para a cidade devido ao grande volume de veículos que passam pela estrada”, comentou. Ele tem esperanças de que a duplicação dê mais segurança também para o escoamento de grãos do município.

A presidente da República, Dilma Rousseff (PT), repassou a rodovia à CCR em março deste ano. As obras de melhorias começaram em maio. A concessão é pelo período de 30 anos e o investimento total previsto no período é de R$ 5,5 bilhões.

A BR-163 tem 847 quilômetros, mas cerca de 24 quilômetros já foram duplicados no perímetro urbano de Dourados. Do movimento total, 70% é de caminhões e carretas.

Inicialmente, o Governo federal iria repassar à iniciativa privada também as rodovias BR-262 e 267. No entanto, como as duas estradas são inviáveis economicamente, eles foram retiradas do pacote de concessão para não afastar os investidores. A BR-163 foi a leilão e teve deságio de 52% no valor do pedágio. 

As obras tiveram início por áreas sem problemas ambientais e de conflito indígena e que não exigiriam um longo processo de licenciamento. 

Décio diz que meta da concessionária é chegar a 129 quilômetros até dezembro de 2015 (Foto: Marcelo Victor)
Placas avisam da duplicação e trechos estão sendo parcialmente interditados para obras (Foto: Marcelo Victor)
Operários inciaram os trabalhos por Caarapó, onde 20 quilômetros serão duplicados na primeira fase (Foto: Marcelo Victor)
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