Cidades

Militar aposentado é acusado de divulgar na web cenas de sexo com a ex-mulher

Paula Vitorino | 17/01/2012 10:40

Inconformado com a separação, capitão da Marinha aposentado expõe no Facebook gravações da vida sexual do casal. Ouça o áudio das ameaças feitas pelo militar

Casal em foto quando morava no Rio de Janeiro. (Foto: Arquivo pessoal)
Casal em foto quando morava no Rio de Janeiro. (Foto: Arquivo pessoal)

Após terminar o relacionamento de 8 anos com capitão aposentado da Marinha, a professora Érica Cristina Corrêa, de 29 anos, de Porto Murtinho, teve a vida sexual exposta na rede social do facebook. Desde a última sexta-feira (13), o ex-namorado, João Carlos Gama, criou perfis falsos da professora no facebook para divulgar os vídeos de relações sexuais do casal.

Ele também furtou diversos documentos da professora, que passou em concurso público recentemente, e a ameaça constantemente por telefone, dizendo que não vai parar e os vídeos no site de relacionamento são apenas o começo.

Em uma das ligações de ameaças, gravada pela professora no último fim de semana e entregue ao Campo Grande News, a voz atribuída ao capitão assume os crimes e repete várias vezes: “não vou parar”.

Ele ainda afirma que não adianta mandar Polícia ou Justiça atrás dele, dizendo que a única forma de fazê-lo parar é matando-o.

Ao final da ligação, a mãe da professora intervém para lamentar que recebeu ele em sua casa e não imaginaria que tinha convivido com um "cafajeste". O capitão repete que não vai parar com a vingança e, em seguida, desliga.

“Eu tenho muito medo, porque uma pessoa que faz tudo o que ele já fez é capaz de muito mais”, diz a vítima.

A professora conta que as ameaças são feitas também aos seus familiares, que moram em Porto Murtinho. O capitão mora atualmente em Vitória, no Espírito Santo, e a possibilidade dele voltar a qualquer momento aterroriza a todos.

“Ele diz que tem muito dinheiro e pode pagar alguém para fazer algo comigo. Tenho família e fico com medo principalmente pela minha mãe, que é hipertensa, e sofre com essa situação”, diz.

Briga - De acordo com a professora, as ameaças começaram após ela terminar o relacionamento no fim do ano de 2011. Ele apareceu no dia 31 na casa da professora, em Porto Murtinho, depois de viajar de Vitória até Campo Grande de ônibus e pegar um mototáxi para chegar a Murtinho,pagando R$ 500 pela corrida.

“Terminei com ele e falei que não iria mais vê-lo, mas ele veio até aqui no dia de ano novo atrás de mim e pegou todos meus documentos, pois sabia que eu ia precisar por conta do concurso”, diz.

A professora diz que o objetivo dele era fazer com que ela fosse procurá-lo para resgatar os documentos, mas como isso não ocorreu, começou a fazer as ameaças e na sexta-feira (13) divulgou os vídeos de suas relações íntimas na internet.

“Ele me ligou e disse que em 30 minutos iria acabar com minha imagem pela internet. E foi o que fez”, conta.

O capitão criou perfis falsos de Érica no Facebook e postou vídeos e fotos de sexo do casal. Ela conta que as imagens foram feitas no início do relacionamento, por insistência dele em gravar as relações íntimas.

“Eu era muito nova quando comecei a namorar com ele, tinha 21 anos e ele 16 anos mais velho. Ele tinha mania de filmar qualquer coisa e pediu para registrar enquanto fazíamos sexo”, diz.

Alerta - A professora diz que teve a vida particular "escancarada" depois da vingaça do ex-marido e alerta para os riscos de gravar imagens em situações de intimidade. “Eu não sabia o que podia acontecer, o risco que corria”, diz arrependida.

Ela também afirma que não sabia de algumas imagens divulgadas, que devem ter sido capturadas sem o seu consentimento, por meio de câmera escondida.

A professora diz que resolveu não ficar calada e denunciar o caso por acreditar que o fato serve de alerta para outras mulheres. “Acho que as pessoas devem ficar mais espertas e o que aconteceu comigo serve de alerta para outras pessoas”, frisa.

Ela falou em uma emissora de rádio de Porto Murtinho sobre o caso, com o objetivo de esclarecer para a população o que aconteceu. Segundo ela, o capitão adicionou diversas pessoas da cidade no perfil falso e, por ser professora, muitos pais ficaram revoltados com o caso.

“Resolvi dar uma explicação sobre o que aconteceu, a cidade é pequena e todo se conhece, ainda mais eu que sou professora. Precisava explicar para os pais que não fui que criei os perfis e divulguei os vídeos, mas que sou vítima de uma vingança e chantagem”, frisa.

A professora registrou boletim de ocorrência na sexta-feira (13) por furto, ameaça e exposição de imagem. A Polícia Civil investiga o caso e os advogados da professora conseguiram retirar do ar os perfis no Facebook.

Érica teme, no entanto, que o capitão continue criando novos perfis, com nomes diferentes. Ela também tem medo pelo fato do capitão morar em outro Estado e que ele consiga fugir e volte a procurá-la. “Por ser um crime da internet tudo fica mais difícil e ele pode chegar a qualquer momento, como fez no ano novo”, diz.

O advogado da professora, Agnol Garcia Neto, diz que a professora está sob medida protetiva da Lei Maria da Penha e caso o capitão continue as ameaças ele entrará com pedido de prisão.

A delegada Andréia dos Santos Dornelles, da Polícia Civil de Porto Murtinho, disse que investiga o caso, mas não irá se pronunciar.

A reportagem do Campo Grande News tentou contato com o capitão por telefone, mas ele não atendeu a nenhuma das ligações.

gama.mp3

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