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Volta às aulas tem poucos alunos, mas pais seguros sobre o retorno

Campo Grande News esteve em duas escolas e percebeu uma volta tímida, de poucas crianças, abaixo dos 30% estabelecido em decreto

Paula Maciulevicius Brasil e Bruna Marques | 21/09/2020 08:18
Pequeno Davi Luiz se despedindo da mãe Grizângela, esfregando as mãozinhas com álcool em gel. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pequeno Davi Luiz se despedindo da mãe Grizângela, esfregando as mãozinhas com álcool em gel. (Foto: Henrique Kawaminami)

Os pezinhos de Davi Luiz, de 4 anos, pisavam no tapete sanitizante à medida em que a mãe, a engenheira Grizângela Coelho, de 41 anos, passava a ordem do check-list para entrar na escola. Depois de seis meses em casa, por conta da pandemia, foi o primeiro dia de aula no "novo normal".

O Campo Grande News esteve em duas escolas e percebeu uma volta bem tímida, de poucas crianças, abaixo do limite de 30% estabelecido em decreto, mas de pais confiantes  num retorno "seguro".  

João Pedro chegando à escola, limpando as mãozinhas com álcool em gel. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pés passam por tapetinho sanitizante. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Agora dá a mãozinha para o rapaz, as duas, igual na TV, esfrega", dizia a mãe. Grizângela fala que a decisão de levar Davi à escola foi pela segurança que sentiu nas medidas adotadas. "A escola passou bastante segurança para a gente, além de termos o número limitado de alunos", explica. 

Apesar de ainda estarmos na pandemia, a mãe acredita que vai dar tudo certo. "Continuamos preocupados, porque esse vírus está por todos os lugares, mas estamos confiantes".

A escola onde Davi Luiz estuda é a Paulo Freire, localizada no Bairro Chácara Cachoeira, em Campo Grande. Dos 250 alunos de Educação Infantil, dos 3 aos 6 anos, a direção informou que reabre as portas seguindo o decreto, com 30% da capacidade máxima. "É um novo recomeço, mas estamos preparados", afirma a diretora pedagógica Adelina Maria Spengler. 

Aviso lembrando do uso de álcool em gel está em todas as portas na Escola Paulo Freire. (Foto: Henrique Kawaminami)
Cada criança senta com distância de 1,5m do coleguinha e tem próprio material que é higienizado após o uso. (Foto: Henrique Kawaminami)

Agora os pais não adentram mais à escola e deixam os filhos no portão, onde duas técnicas em Enfermagem aferem a temperatura, passam o álcool em gel e recomendam como usar o tapetinho sanetizante. 

Dentre a limitação estabelecida em decreto, na Escola Paulo Freire, por exemplo, só 20% dos pais aderiram a este retorno. "Antes eram 18 crianças, agora são só seis por sala, em oito salas. De manhã, são 20 crianças e à tarde, 48", enumera Adelina. 

Critérios - As vagas da Educação Infantil seguiram a ordem de procura dos pais, que foram até a escola para assinar o termo de consentimento. Este documento é onde os pais se comprometem a seguir todas as regras de biossegurança. 

Grizângela foi uma das mães que sentiu confiança na volta às aulas. (Foto: Henrique Kawaminami)

Segundo informou a direção, os técnicos em Enfermagem vão ficar nas dependências da escola até que não precise mais aferir temperatura e usar o álcool em gel, ou seja, por tempo indeterminado. 

Dentro das salas, as crianças não vão mais sentar uma em frente da outra, e sim lado a lado, mas respeitando a distância de 1,5m. Os materiais também serão de uso individual que são higienizados depois das aulas e guardados para aquele aluno específico. 

Os lanches devem ser embalados pelos pais e guardados na lancheira e apenas o aluno pode manusear. O mesmo vale para as garrafinhas de água, que já vem prontinhas de casa. 

No parque, onde antes as crianças brincavam juntas, será permitida somente uma turma de cada vez, e sempre higienizando todos os brinquedos após o uso. 

"Para as crianças é mais difícil manter o isolamento social, mas eles entendem que agora não é o momento de abraçar o amigo. É um desafio muito difícil, mas vamos tentar, pois estamos bastante preparados e as nossa expectativas são as melhores para dar certo", resume a diretora.

Advogado, Thiago do Nascimento Valente, de 39 anos, deixava o filho João Pedro, de 5, na escola nesta manhã, acreditando que tudo é questão de adaptação. "Existe sim uma certa apreensão, mas nós temos fé de que tudo vai dar certo, as atitudes e medidas da escola nos dão uma certa tranquilidade. Por mais que seja uma pandemia, mantendo higienização, tudo vai dar certo".

Na Maple Bear, mochila também é higienizada. (Foto: Henrique Kawaminami)

Na Escola Maple Bear, os funcionários chegam, passam por higienização, se trocam para então começar o expediente. A escola que atendia 160 alunos antes da pandemia, agora vai trabalhar com 30 crianças pela manhã e 40 à tarde. 

Além de aferir temperatura na entrada e passar álcool em gel, a mochila dos pequenos também será higienizada. Os alunos que estudam ali tem entre 2 e 5 anos e serão divididos em seis por sala. Os sapatinhos devem ficar do lado de fora e o lanche agora vem da cozinha fechadinho, cada criança com uma vasilha específica. O intervalo também será escalonado. 

No colo da mãe Cláudia, Gael chega para o primeiro dia de aula. (Foto: Henrique Kawaminami)

"Controlar uma criança é muito mais fácil do que controlar um adulto. As crianças entendem. O nosso maior desafio é tornar essa volta às aulas em algo lúdico e divertido. Não podemos tornar um terror para essas crianças, temos que fazer com que elas tenham segurança, porém sem que fiquem com medo da escola", ressalta o diretor administrativo Rafaat Toumani. 

Médica, Cláudia Farias, de 35 anos, estava deixando o filho pela primeira vez na escola. Gael tem 2 anos e meio e foi matriculado um pouco antes da pandemia. Quando as portas se fecharam, a mãe tirou ele da escola, mas a matrícula foi refeita depois do decreto que liberava a reabertura.

"A escola não é fator determinante para o contágio, todo mundo está vivendo em outros meios, e a escola me tranquilizou bastante em relação à biossegurança", opina. 

Assim como a entrada, a saída dos alunos também será escalonada com intervalo entre um horário e outro a fim de evitar aglomeração. 

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