Capital

Morte de técnico, que era contra reagir em assalto, causa comoção em bairro

Ricardo Campos Jr. | 27/02/2015 16:29
Conhecido pela generosidade, velório de Batista ficou lotado (Foto: Alcides Neto)
Conhecido pela generosidade, velório de Batista ficou lotado (Foto: Alcides Neto)

O latrocínio (roubo seguido de morte) do técnico de enfermagem Claudecir Batista Oliveira, o Batista, 39 anos, ocorrido ontem à noite, chocou e causou comoção nos moradores do Jardim Oliveira, em Campo Grande. A família contesta a versão de que ele foi morto ao reagir a um assalto. “O Batista era uma pessoa muito tranquila, sempre orientava a não reagir em caso de assalto”, contou a cunhada, a fiscal de caixa Carla Sebastiana Amarilha, 43 anos.

A vítima era casada e pai de três filhos, sendo duas meninas, de 10 e 13 anos, e o caçula de apenas 2 anos. Evangélico, frequentava a igreja O Senhor é nossa justiça, localizada na região em que morava. Membros da comunidade fizeram orações e cantaram hinos durante o velório, realizado na Pax Real, na Avenida Bandeirantes.

Para o cunhado de Batista, Walter Edson Amarilha, 41 anos, o técnico de enfermagem vai deixar boas lembranças por ser um homem trabalhador, carismático, carinhoso com os filhos, com a família e conhecido no bairro por sempre ajudar as pessoas. “Ele não sabia dizer não”, relata.

Na profissão, já trabalhou no Hospital Geral do Exército e no Hospital do Câncer. Ultimamente trabalhava com home care. Conforme a família, ele saiu do serviço às 18h e passou no mercado, onde comprou frutas, salgadinho para as crianças e comida congelada. Quando foi baleado, esperando ônibus para ir para casa, segurava as sacolas. Amarilha também não acredita que a vítima tenha reagido. “Ele era uma pessoa muito calma e tranquila”.

Colega de igreja da vítima lamenta perda (Foto: Alcides Neto)

Segundo Carla Sebastiana, a esposa de Batista estranhou a demora dele quando notou que já passavam das 19h30. Ela ligou para ele, mas quem atendeu foi o delegado que estava cuidando do caso. “Ele disse, seu marido foi assassinado. Na hora ela perdeu o chão”, relata a cunhada.

Em seguida, como estava na frente dos filhos, reuniu forças, colocou as crianças no carro e as levou para a casa da avó. No local, pediu que os irmãos fossem reunidos. “Nós achamos que era trote”, diz Carla Sebastiana. Em seguida, a mulher foi até o local e chegou a tempo de ver o corpo do homem com quem estava casada há 12 anos.

“Só tinha qualidades. É uma perda inestimável, não só como irmão da igreja, mas como cidadão. Estava trazendo o pão de cada dia para sua família quando a vida dele foi ceifada”, disse Nader Abder Ali Algal, 50 anos, gerente de cobranças e colega de igreja da vítima.

Nos siga no