Capital

Vacina de R$ 300 continua em falta e mães são orientadas a voltar em 30 dias

Medicação que custa pouco mais de um terço do salário mínimo não é encontrada desde o início do ano

Danielle Valentim | 07/03/2018 13:18
Nas portas das Unidades de Saúde só há informações sobre demais vacinas. (Foto: Danielle Valentim)
Nas portas das Unidades de Saúde só há informações sobre demais vacinas. (Foto: Danielle Valentim)

Desde o início do ano, mães de Campo Grande - Mato Grosso do Sul -, enfrentam dificuldades para conseguir vacinar os filhos recém nascidos. A falta da vacina Pentavalente na rede pública de saúde ocorre desde o início de fevereiro e unidades de saúde têm feito a marcação de retorno para 30 dias. O preço da medicação em laboratórios particulares de Campo Grande não é nada em conta e oscila entre R$ 300 e R$ 330, valor que corresponde a pouco mais de um terço do salário mínimo.

Mesmo com o agendamento de retorno, as atendentes deixam claro a incerteza da chegada da medicação, que faz parte do Calendário Básico de Vacinação da Criança do Ministério da Saúde, e que imuniza o bebê contra: Difteria, Tétano, Coqueluche, Meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b e a Hepatite B.

O Campo Grande News visitou unidades da região norte e sul da Capital e a resposta foi a mesma: falta a vacina e não há previsão de chegada. Na UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) - Jardim Itamaracá, por exemplo, as mães são orientadas a fazerem as vacinas disponibilizadas e depois retornarem para a aplicação da Penta. A situação se repete, no CRS (Centro Regional de Saúde), do Tiradentes, e a UBS (Unidade Básica de Saúde) 26 de Agosto.

Alto custo - A reportagem realizou pesquisa em três laboratórios particulares de Campo Grande. O preço da vacina em laboratórios particulares de Campo Grande oscilam entre R$ 300 e 330, que pode ser parcelado em até duas vezes no cartão em alguns estabelecimentos. Com o salário mínimo de R$ 954, a vacina corresponde a pouco mais de um terço dos vencimentos de muitas famílias.

Até o dia 20 de fevereiro o estoque era considerado crítico, porém agora, conforme a assessoria de imprensa da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), está zerado. Há desabastecimento da Pentavalente tanto nas unidades básicas de saúde, quanto nas de saúde da família. O último envio da vacina distribuída a Campo Grande ocorreu em 23/01/2018.

Segundo a Prefeitura, o Ministério da Saúde não informou a previsão para reposição dos estoques o que compromete a assistência epidemiológica de imunização desta vacina e alcance das metas de aplicação estabelecidas para 2018.

Algumas mães questionam a ausência da vacina Hexavalente nos postos de saúde, mas a Sesau pontua que a medicação não é oferecida pelo Ministério da Saúde. Entretanto, as vacinas Pentavalente e VIP/VOP, separadamente, correspondem a imunização estabelecida na Hexa. A vacina VIP/VOP está disponível nas UBS/UBSF, porém, como já mencionado, a Pentavalente está com estoque zerado.

O que diz o Ministério da Saúde ? O Ministério da Saúde informa que mantém a distribuição de vacinas a todo o país e trabalha na regularização dos estoques em casos pontuais.

No caso da pentavalente, há no Brasil 10,3 milhões de doses aguardando a finalização de trâmites administrativos para liberação da Anvisa. Nesta semana, após recebimento de parecer emitido pela OPAS/OMS, a Anvisa autorizou a liberação da baixa de termo de guarda das cargas que estão no país e está finalizando a liberação das doses.

Depois desse processo, as amostras são analisadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade (INQS). A previsão é que a vacina esteja disponível para distribuição aos estados nas próximas semanas.

Entenda as vacinas - A vacina pentavalente acelular protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b e poliomielite. Já a vacina hexavalente acelular protege contra todas essas doenças e também contra hepatite B.

No SUS, a mesma proteção pode ser obtida pela vacina pentavalente ou quíntupla de célula inteira – que protege contra difteria, tétano, coqueluche, meningite provocada pela bactéria Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B – em associação com a vacina contra poliomielite.

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