Capital

Terça de Carnaval livra trabalhador da chuva, mas amanhã ninguém escapa da lama

Com mais de três décadas e uma via asfaltada, Itamaracá vive dias de lamaçal na temporada de chuva

Aline dos Santos e Alana Portela | 16/02/2021 10:29
Rio de lama em rua sem asfalto no Jardim Itamaracá, região do Rita Vieira. (Foto: Paulo Francis)
Rio de lama em rua sem asfalto no Jardim Itamaracá, região do Rita Vieira. (Foto: Paulo Francis)

“Nessa terça-feira de Carnaval não vou trabalhar e escapei da chuva. Geralmente, chego todo ensopado no trabalho e volto para a casa sujo de lama”. A rotina de Clenil Aparecido da Silva, 58 anos, retrata a realidade de quem anda a pé no Jardim Itamaracá, região do Rita Vieira, em Campo Grande.

Com mais de três décadas e uma via asfaltada, a Padre Mussa Tuma, o bairro vive dias de lamaçal na temporada de chuva ou sofre com a poeira na estiagem. “Acordo às 5h30 da manhã para poder ir ao ponto de ônibus, pegar o busão e ir para o trabalho”, conta Clenil, que faz alinhamento automotivo.

A aposentada Sebastiana Jesus Gonçalves, 73 anos, conta que hoje saiu para levar exame ao médico. “Até gosto da chuva porque não tem poeira. Mas aí o problema é o barro. Chego com os sapatos molhados, sujos. É terrível. Toda vez tenho que fazer uma volta e passar por onde tem menos barro”. A moradora enfrenta essa realidade há 30 anos, desde que se mudou para o Itamaracá.

"Nessa terça-feira de Carnaval não vou trabalhar e escapei da chuva", diz Clenil Aparecido. (Foto: Paulo Francis)

A lama exige limpeza constante em empresas e lojas. “Devido à empresa ficar em rua sem asfalto, precisa ficar limpando toda hora para os clientes entrarem”, afirma o engenheiro civil Willian Nogueira, 27 anos.

Morador no Itamaracá há 28 anos, o pedreiro Celso Batista da Silva, 58 anos, enfrentou o barro nas ruas na caminhada até ao mercado. “É o dilema da lama, só por Deus. Eu estou afastado do trabalho, me recuperando, e fui fazer compra para a patroa [esposa]”, diz.

A chuva marca o Carnaval em Campo Grande. O tempo chuvoso chegou no domingo à noite. Desde então, conforme dados dos Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), foram 56 milímetros de chuva até hoje na Capital.

Sebastiana saiu hoje para ir ao médico: "Chego com os sapatos molhados, sujos. É terrível", diz


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