Capital

Técnico morto usava analgésico potente sem a família saber

Viviane Oliveira e Helton Verão | 19/11/2012 15:57
A família e amigos durante o velório. (Foto: Rodrigo Pazinato)
A família e amigos durante o velório. (Foto: Rodrigo Pazinato)

A família do técnico em enfermagem Éber Lucas Pereira, 30 anos, encontrado morto em um banheiro da Santa Casa de Campo Grande na tarde de ontem (18), afirma desconhecer que o rapaz fazia uso de qualquer tipo de medicamento, apesar de Éber mancar de uma perna e reclamar que sentia dores.

A suspeita é que o jovem morreu em consequência de ter injetado no corpo um analgésico potente, o fentanil. O remédio, de ação mais poderosa que a morfina, é de uso hospitalar normalmente usado em cirurgias.

No boletim de ocorrência consta que uma testemunha informou a Polícia que a vítima sofria de necrose óssea e por conta da doença, fazia uso do medicamento.

Durante o velório do rapaz, os parentes e amigos de trabalho contaram que ele mancava muito de uma perna, mas que não tocava no assunto. Há 6 meses trabalhando no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa, ele nunca havia pegado atestado no trabalho e não gostava de comentar sobre o assunto quando era questionado.

“Sabia que ele sentia dor, mas não sabia que ele tinha essa doença”, lamenta o pai, Moisés Santos Pereira, 56 anos.

Segundo a esposa, Elisângela Nunes, 32 anos, o problema na perna do esposo era recente e ele já havia dito que pretendia fazer uma cirurgia. “Eu nunca tinha ouvido falar nesse medicamento e nunca vi em casa também”, destaca.

O corpo será sepultado ainda nesta tarde no cemitério Santo Amaro. (Foto: rodrigo Pazinato)

A colega de trabalho Luciana Oliveira afirma que o rapaz não precisava falar que sentia dores, pois era visível o problema na perna. “Ele mancava muito, não tinha como não perceber”, disse.

Segundo ela, ontem o técnico não apresentou nenhum comportamento fora do comum. Os colegas só perceberam que havia algo estranho depois que Éber demorou a voltar da segunda vez que havia se ausentado para ir ao banheiro.

Devido à demora, os colegas passaram a procurar pelas dependências do hospital. Ao chegar no banheiro, percebeu que o cômodo estava fechado e tiveram que arrombar a porta depois de vários chamados sem retorno.

Éber estava sentado em uma privada. Ao lado do corpo, havia uma ampola de 10 miligramas do analgésico fentanil, uma seringa com sangue e uma toalha de papel.

Os colegas ainda tentaram reanimar o técnico, mas ele acabou morrendo de parada cardiorrespiratória. “Ele estava roxo, porém fizemos todos os procedimentos para reanimá-lo”, afirma Emerson Antônio, 36 anos, um dos colegas que encontrou o jovem no banheiro.

O corpo de Éber será sepultado nesta tarde no cemitério Santo Amaro, na avenida Presidente Vargas, nº1840, no bairro Santo Amaro. De acordo com a Polícia Civil, foi feito exame necroscópico para determinar a causa da morte. O caso será investigado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil. 

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