Capital

Tatuador acusado de assédio entra com ação contra Twitter

Tatuador de 41 anos pede retirada da acusação e acesso aos dados do perfil da pessoa que o acusou de assédio

Silvia Frias | 09/06/2020 10:09
Campo Grande News - Conteúdo de Verdade

Tatuador de 41 anos, citado como assediador em depoimento com a polêmica tag #exposedcg entrou com processo contra o Twitter pedindo a retirada da publicação e acesso aos dados para identificar quem o acusou. As denúncias já renderam boletins de ocorrência e investigações tanto contra os denunciados quanto as supostas vítimas.

O processo foi protocolado no último dia 5 de junho, na 10º Vara Cível de Campo Grande, dois dias depois que a acusação contra ele foi postada pela jovem com a tag #exposedcg. No processo, a alegação é que as acusações são falsas e “as acusações têm consequências graves e irreparáveis em sua vida pessoal e profissional”.

Ela relata que o assédio aconteceu em 2016, quando tinha 19 anos e resolveu fazer tatuagem entre os seios. A jovem relata que foi ao estúdio do tatuador acompanhada de um amigo, justamente porque não queria ficar sozinha.

A jovem diz que o tatuador insistia para que o amigo fosse fumar, o que acabou acontecendo enquanto a tatuagem ainda estava sendo feito. Durante o procedimento, ela diz que o homem a convenceu a ficar sem o tampão nos seios, pois não havia problema ficar sem nada.

“Uma hora ele foi limpar e passou a mão nos meus seios, na época, tinha piercing no mamilo e foi totalmente desconfortável”, relatou. A garota disse que pediu pausa durante a tatuagem e comentou que tinha namorado. “Falou até em separar da mulher se eu desse uma chance a ele, na época ele já tinha filha e ainda era casado!”.

Quando o amigo voltou, o tatuador colocou esparadrapo nos seios e terminou a tatuagem.

O advogado Eduardo Correia Pracz entrou com pedido em caráter liminar para que a postagem seja imediatamente retirada, sob pena de multa mínima diária de R$ 100. Pede, ainda, acesso aos dados do perfil da usuária para identificar quem fez a acusação. No mérito, a retirada permanente da publicação.

A defesa alega há mecanismos cíveis e criminais para apurar supostos delitos, justamente para evitar a proliferação de boatos. “A liberdade de expressão não pode ser abusada a ponto de enviar um sujeito a um julgamento virtual, onde não há direito de defesa ou exigência de provas”. 

O último andamento do processo é do dia 8 de junho, em que a juíza Sueli Garcia solicitou que o tatuador comprove a insuficiência de recursos em prazo de 15 dias, sob pena de indeferimento da petição inicial.

Polêmica e investigações – o movimento surgiu na noite de 1º de junho, criado pelo perfil “Elizabeth Brum”. Em poucas horas, a tag #exposedcg ficou entre as chamadas “trending tropics”, nos assuntos mais comentados do Twitter.

A criadora tem 19 anos, estudante de Letras, mora em São Paulo e iniciou o movimento para denunciar caso de abuso sofrido por uma amiga. 

Os relatos se multiplicaram e, no dia seguinte, rendeu boletins de ocorrência por injúria, difamação, calúnia e investigação após uma das vítimas que expôs o caso em rede social ter procurado a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). À polícia, a jovem contou ter sofrido os assédios quando foi trabalhar como modelo para uma campanha de roupas íntimas.

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