Capital

Sobrinho alega que foi perseguido três vezes antes de matar tio a tiros

Em depoimento, Miguel Arcanjo afirmou que sofreu ameaças constantes e teve medo de morrer

Geisy Garnes e Clayton Neves | 23/07/2019 18:54
Miguel foi levado para a 4ª Delegacia de Polícia Civil nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)
Miguel foi levado para a 4ª Delegacia de Polícia Civil nesta manhã (Foto: Henrique Kawaminami)

Em depoimento Miguel Arcanjo Camilo Junior, de 32 anos, assassino confesso do próprio tio, afirmou que foi ameaçado e perseguido pelo menos três vezes antes de cometer o crime. O suspeito foi preso na noite desta segunda-feira (22) por policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigação), no bairro Chácara Cachoeira.

Miguel foi ouvido por 2h30 pelo delegado Tiago Macedo, na sede da 4ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande. Em depoimento detalhou que é dono de duas lojas de revenda de frios e que o tio, Osvaldo Foglia Junior, de 47 anos, foi contratado por um de seus fornecedores, que além de empresário é vereador de Cassilândia, para fazer a cobrança de uma dívida.

Osvaldo começou a fazer as cobranças de forma insistente. Depois de um tempo o vereador descobriu os métodos usados por ele e resolver desistir do serviço, sem pagar o valor combinado, cerca de R$ 150 mil.

A vítima então passou a exigir o pagamento, afirmando que havia cumprido sua parte no acordo e começou ameaçar o próprio sobrinho. Miguel contou que na tentativa de acalmar o tio, assumiu a dívida e deu a Osvaldo três cheques caução, no valor de R$ 50 mil. No vencimento, no entanto, o dinheiro não caiu e as cobranças começaram novamente.

Para o delegado, Miguel afirmou que além das ameaças constantes, foi perseguido pelo tio pelo menos três vezes no dia do crime e por isso foi ao encontro dele na noite de terça-feira, 16 de julho, na conveniência da Rua Marquês de Lavradio, no Jardim São Lourenço. “Ele afirmou que matou o tio por medo, para se defender”, reforçou o delegado.

Ao Campo Grande News, no entanto, Macedo explica que a linha de legítima defesa é afastada ao se analisar o modo como o crime aconteceu. “Foram nove tiros e tudo indica que a vítima estava desarmada”. Miguel usou uma pistola 380 no assassinato, que ainda não foi encontrada pela polícia. Nesta tarde, ele se negou a revelar onde estava escondido, afirmou que está tomando remédios para se acalmar e ainda se comprometeu a entregar a arma.

O advogado de Miguel, Nilton Costa Farias, relevou a reportagem que vai pedir a revogação da prisão preventiva do cliente. “Amanhã vou analisar os depoimentos das testemunhas, olhar o processo, mas vamos pedir a revogação da prisão”.

A polícia ainda espera a perícia das imagens de câmeras de segurança que registraram o crime para encerrar o caso. Segundo o delegado, foi feito um pedido a justiça para acesso às imagens que vão confirmar a versão dada por testemunhas. Miguel é indiciado, a princípio, por homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa de vítima.

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