Capital

Sem ligar para ideologia, ambulantes mudam estoque de acordo com o manifestante

Das bandeiras pela manhã, vendedores passaram a investir na oferta de comidas e bebidas à tarde

Clayton Neves e Caroline Maldonado | 07/09/2021 15:26
Moradora do Aero Rancho, a vendedora de pipoca Elza Almorone da Silva, de 60 anos, deixou o material verde amarelo de lado e investiu na venda de pipoca. (Foto: Paulo Francis)
Moradora do Aero Rancho, a vendedora de pipoca Elza Almorone da Silva, de 60 anos, deixou o material verde amarelo de lado e investiu na venda de pipoca. (Foto: Paulo Francis)

Independente da ideologia, o dia é de garantir renda extra entre manifestações, neste 7 de setembro. Por isso, para lucrar com qualquer que seja o grupo, os vendedores ambulantes vão se adaptando ao público, no Centro de Campo Grande. Acompanham a mudança, tirando as bandeirinhas do Brasil de cena, e oferecendo outro tipo de produto. 

Pela manhã, bandeiras e camisetas do Brasil eram carro-chefe das ofertas para quem saiu às ruas em defesa do presidente Jair Bolsonaro e contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Agora, no “Grito dos Excluídos", o tom em verde amarelo deu lugar, basicamente, ao comércio de bebidas e alimentos.

Elizabeth Vilas Boas levou quatro caixas com 12 garrafas de água para vender. (Foto: Paulo Francis)

Junto do pai e do tio, a vendedora ambulante Aline Perez da Cruz, de 31 anos, chegou  na Praça do Rádio, às 8h. Segundo ela, a família investiu em 36 dúzias de pequenas bandeiras do Brasil, cada bandeira vendida a R$ 10. O resultado foi tão bom que, por volta das 14 horas, restavam apenas algumas unidades. 

Com o fim da primeira manifestação, Aline desceu para a Praça Ary Coelho, ponto de concentração do “Grito dos Excluídos”, no entanto, ficou na dúvida sobre o que oferecer para continuar a ganhar dinheiro. “Fiquei sem ideia do que vender e acho que o pessoal da esquerda não vai comprar bandeira. Por isso, vim sem muita expectativa”, relata, agora, carregada de água mineral. 

Depois do fim da primeira manifestação, Nelson Gomes, de 52 anos, parou de vender as bandeiras e abriu uma cerveja para descansar. Mesmo com a oportunidade de lucrar mais, ele disse que não pensou em nada por não simpatizar com as pautas do movimento de esquerda. “Não ia me sentir confortável. Agora, vou relaxar, porque já ganhei pela manhã”, relatou.

Moradora do Aero Rancho, a vendedora de pipoca Elza Almorone da Silva, de 60 anos, deixou o material verde amarelo de lado e investiu na venda de pipoca, algodão doce, água e refrigerante. “Coisa de comer atende todo mundo, independente da manifestação. Por isso, a intenção hoje é faturar”, pontua. 

Na crise, vale seguir qualquer que seja o movimento, pró ou contra Bolsonaro. 

A autônoma Elizabeth Vilas Boas, de 58 anos, diz que, para não errar na preferência, também mirou em produtos essenciais, especialmente, com o calor de 37°C registrado em Campo Grande, na tarde de hoje. “Trouxe quatro caixas de água com 12 garrafas cada. Acho que as vendas vão ser muito boas e estou precisando desse dinheiro”, finaliza. 

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