Capital

Sem diagnóstico, consultas para iniciar tratamento contra câncer já caíram 30%

Hospital Alfredo Abrão recebe principalmente pacientes encaminhados pelo Hospital de Amor, sem atendimento há 2 meses

Izabela Sanchez | 28/05/2020 13:07
Hospital do Câncer Alfredo Abrão em Campo Grande (Foto: Kisie Ainoã)
Hospital do Câncer Alfredo Abrão em Campo Grande (Foto: Kisie Ainoã)

Se não tem diagnóstico, não tem tratamento. É o que demonstram os dados de duas unidades de referência no tratamento ao câncer em Campo Grande e Mato Grosso do Sul. Com a unidade de prevenção do Hospital de Amor (antigo Hospital do Câncer, de Barretos, em SP) fechada há dois meses, o tratamento no Hospital do Câncer Alfredo Abrão caiu 30%.

É o efeito pandemia na saúde pública, já que além de evitar contágio e aglomerações, a indicação para guardar recursos é suspender temporariamente todos os procedimentos eletivos. A unidade de prevenção do Hospital do Amor é a principal em diagnóstico do câncer.

Os efeitos no Alfredo Abrão foram diretos, já que o hospital informa receber principalmente pacientes para seguir em tratamento. Conforme a assessoria de imprensa do Hospital de Amor, além da unidade fixa, o atendimento móvel leva exames de mamografia e Papanicolau (que previne o câncer de colo de útero) aos 74 bairros da Capital. Em média, realiza 1.140 exames de mamografia e 1.200 exames de Papanicolaou por mês.

Unidade do Hospital de Amor, de Barretos, em Campo Grande (Foto: Arquivo/Campo Grande News)

O HC, por outro lado, não suspendeu atendimento, mas por falta de diagnóstico, caiu em 30% a média de 2.500 consultas realizadas no hospital. Outra questão que fez com que as consultas diminuíssem foi que o hospital reagendou todas as consultas de seguimento, quando o paciente já encerrou o tratamento mas vai ao hospital a cada 3 ou 6 meses para verificar a saúde.

Por meio de nota, o HC também informou ter reagendado cirurgias eletivas. “As cirurgias oncológicas seguiram normalmente durante a pandemia, apenas as eletivas, não oncológicas foram reagendadas e a partir desse mês estão sendo discutidas caso a caso e havendo necessidade, são realizadas”, disse.

Mesmo em ritmo modificado, o hospital informou, por meio da assessoria de imprensa, que realizou mais de 1.200 exames em abril. “Os setores de radioterapia e quimioterapia não pararam, tratamentos seguiram normalmente, inclusive com novos tratamentos nesse período, por mês são atendidos, em média, 800 pacientes”, diz.

O hospital declarou ter criado uma comissão para avaliar o seguimento dos atendimentos, com reuniões semanais. A reportagem procurou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), por meio da assessoria de imprensa, para ter acesso aos números de demandas para diagnóstico e tratamento de câncer e unidades habilitadas, além de contratos e repasses, mas ainda não recebeu resposta.

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