Capital

Sem apoio da prefeitura, esperança mantém lojistas na 'rodoviária velha'

Christiane Reis | 03/08/2016 17:34
Quase 55% das lojas da rodoviária antiga estão estão fechadas (Foto: Christiane Reis)
Quase 55% das lojas da rodoviária antiga estão estão fechadas (Foto: Christiane Reis)

Corredores vazios, lojas fechadas... o cenário do prédio do Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste, a 'rodoviária velha' de Campo Grande, é oposto ao do vai e vem de pessoas e veículos que por mais de 30 anos deram vida ao local.

Em 2010, foi inaugurada a nova rodoviária e, de lá para cá, muito se falou em possíveis destinos para o prédio de quase 30 mil metros quadrados, localizado na região central da cidade. Mas, nada foi feito e, agora que a Prefeitura justificou falta de recursos para o reparo do velho terminal e vetou da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) investimentos na área em 2017, a esperança de quem trabalha no local é que eles mesmos mudem o cenário.

Para isso, de um lado a Associação dos Lojistas do Centro Comercial trabalha para colocar em prática um projeto de revitalização, enquanto de outro a administração do condomínio diz não ter conhecimento do assunto e busca parceria para também atrair clientes. Assim, separadamente, os envolvidos acreditam ser possível encontrar alternativas para a sonhada renovação.

A presidente da associação, Heloísa Cury, conta que busca parceiros para colocar em prática um projeto, desenvolvido com o Instituto de Democracia e Transdisciplinariedade, que vislumbra transformar o condomínio em um importante ponto turístico da cidade, contemplando agricultura familiar, ala médica – com consultórios, corredor das nações e etnias, academia de ginástica, praça da alimentação e abrigar, inclusive as federações esportivas. “Acreditamos que até o fim do ano já tenhamos todos os parceiros fechados e precisamos que a Prefeitura se posicione quanto à área que pertence a ela”, disse. Ela não detalhou o projeto.

Já a síndica diz que existe um projeto em parceria com a Prefeitura para a área dos lancheiros, que pertence ao município, e que este é o único projeto em vista. “Qualquer proposta para se desenvolver aqui precisa da aprovação da assembleia (de condôminos)”, ressalta.

Prédio ainda não tem um destino definido (Foto: Alcides Neto)
Lojista entrevistado José Paulino Ribeiro (Foto: Christiane Reis)

Enquanto associação e condomínio não caminham lado a lado, lojistas que ainda permanecem no local acreditam em melhorias e não pretendem deixar o Terminal. “Trabalhando aqui criei meus filhos, comprei minha casa, consegui me aposentar. Eu e minha esposa. Estou aqui há 30 anos e nesse período o que eu vi foi o movimento diminuir. Hoje, a loja se paga e eu vou continuar acreditando que vai melhorar”, disse o lojista José Paulino Ribeiro, 72 anos, que mantém ali uma loja de roupas.

Essa também é a opinião da lojista, Marina Ferreira, 46 anos, proprietária de um salão de beleza. “Eu não penso em sair, eu sou dona, investi aqui. Penso que poderia ter alternativas para melhorar o prédio. A própria prefeitura poderia colocar secretarias aqui, ao invés de alugar prédios”, sugeriu.

A Prefeitura informou que havia projeto de melhoria estrutural para a região em 2013, mas foi paralisado na administração anterior. Agora em estudo a retomada do projeto na área dos lancheiros, mas ainda sem previsão.

Finanças - Segundo a síndica, a revitalização por parte dos lojistas empaca também na falta de recursos, o Condomínio tem grande índice de inadimplência, em torno de 70%. “Temos hoje 230 lojas, 125 proprietários e 55 salas ocupadas. Ocorre que além da inadimplência, temos ajuizados R$ 800 mil e quase R$ 1 milhão para recebermos, tudo referente ao valor do condomínio. Tem proprietário que há 10 anos não paga condomínio”, desabafa. O valor do condomínio das salas varia de R$ 115 a R$ 270. Atualmente, segundo a própria administração 54,99% das lojas estão fechadas.

Para ela, tudo o que se refere à melhoria do prédio é de responsabilidade dos proprietários. “O prédio é privado, a Prefeitura é apenas mais uma proprietária”, declarou.

Área dos lancheiros é estudada pela Prefeitura (Foto: Alcides Neto)
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