Capital

Sem ajuda do Poder Público, Hospital de Barretos na Capital pode fechar

João Humberto | 27/06/2016 19:35
Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos vai encerrar atendimentos, caso prefeitura e governo não firmem convênio (Foto: Marcos Hermínio)
Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos vai encerrar atendimentos, caso prefeitura e governo não firmem convênio (Foto: Marcos Hermínio)

O Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos, unidade em Campo Grande do Hospital de Câncer de Barretos, será fechado caso a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) da Capital e a SES (Secretaria de Estado de Saúde) não celebrem convênio para aporte de recursos no sentido de garantir a manutenção da unidade. Atualmente, a instituição passa por dificuldades financeiras e tem deficit mensal de R$ 350 mil relativos aos serviços de mama e colo do útero.

Para acelerar o processo de parceria entre o hospital e as secretarias de Saúde de Campo Grande e de Mato Grosso do Sul, o MPE (Ministério Público do Estado), por meio da promotora Filomena Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça, instaurou inquérito civil que apura a necessidade e viabilidade de implementação do convênio.

Na unidade da Capital são feitos exames de cânceres de mama e útero e oferecido tratamento. Por mês, aproximadamente quatro mil exames são feitos no local, cerca de 210 por dia.

Conforme a promotora, Campo Grande é uma das capitais com o mais alto índice de câncer de útero, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer). Já Mato Grosso do Sul é o estado que mais envia pacientes para Barretos (SP).

Dificuldade – Filomena informa que foi procurada pela direção do hospital no dia 14 de junho. A equipe alega enfrentar dificuldade financeira para manter a unidade em Campo Grande e por isso o local está em vias de ser fechado.

Considerando a necessidade do serviço, em razão do alto índice de câncer de mama e de colo de útero no Estado de Mato Grosso do Sul, bem como em decorrência da cobertura dos serviços não alcançar a meta de 70%, recomendada pelo Ministério da Saúde, a promotora instaurou o inquérito.

A previsão para este ano do risco a nível nacional de incidência de câncer do colo do útero é de 15,85% em cada cem mil mulheres, sendo que em MS é de 26,73%. Já o risco Brasil para o câncer de mama é de 56,20% num grupo de cem mil mulheres e em Mato Grosso do Sul 62,23%.

“Há necessidade da prestação desses serviços às mulheres aqui no nosso Estado. Com o convênio firmado, serão executadas medidas de proteção e prevenção para as mulheres por meio de trabalho de divulgação. Isso pode evitar que mais mulheres sejam diagnosticadas com os cânceres e o governo gaste com internações, tratamento”, esclarece Filomena.

De acordo com a promotora, o município terá de arcar com cerca de R$ 48 mil mensais, por exemplo. Valor semelhante pouco maior que este deverá ser investido pelo governo.

Promotora Filomena Fluminhan instaurou inquérito civil para apurar a necessidade/viabilidade de implementação do convênio (Foto: Fernando Antunes)

Vale lembrar que os serviços prestados na unidade do Hospital de Câncer de Barretos em Campo Grande são feitos 100% pelo SUS (Sistema Único de Saúde) há aproximadamente três anos.

De janeiro a dezembro de 2014 foram feitos 32.754 atendimentos à população e em 2015, 47.471. Foram constatados 14 casos de câncer de colo do útero invasivos e 154 neoplasias intra-epiteliais de alto grau no ano retrasado, bem como 49 invasivos e 138 neoplasias intra-epiteliais de alto grau ano passado. Em relação aos casos de câncer de mama, foram constatados 100 em 2014 e 153 no ano passado.

Estrutura – A unidade de prevenção de Campo Grande foi inaugurada em agosto de 2013, com a finalidade de oferecer diagnóstico precoce e prevenção de câncer à população de Grosso do Sul. Foi construída com recursos doados pelo empresário Antônio de Morais dos Santos, sendo composta por uma unidade fixa e outra móvel (carreta).

O Instituto de Prevenção Antônio Morais dos Santos dispõe de uma área de 2016 m² construída e iniciou suas atividades em fevereiro de 2014 oferecendo exames de rastreamento de câncer de mama e colo uterino. A unidade possui capacidade para realização de 100 mamografias (unidade fixa e móvel), 30 ultrassonografias de mama e 150 coletas de citologia cérvico-vaginal.

Também são oferecidos os seguintes procedimentos: estereotaxia (realizada em mesa apropriada), biópsia de fragmentos (core biopsy), biópsia cirúrgica de mama, colposcopia, biópsias de colo, vagina e vulva, além de conização com CAF (cirurgia de alta frequência). A partir de 2014, começaram a ser disponibilizados exames de endoscopia, colonoscopia, ultrassonografia de próstata, com biópsia guiada e exérese de lesões suspeitas de pele.

A unidade móvel tem como objetivo percorrer os bairros de Campo Grande, a fim de realizar busca ativa de mulheres que se encaixem na população alvo para diagnóstico precoce de câncer. Está equipada com um mamógrafo digital, sala para coleta de citologia cérvico-vaginal e sala de pequena cirurgia. A instituição fica na avenida Vereador Thyrson de Almeida, 3.115, bairro Aero Rancho.

Em contato com a Sesau, a reportagem foi informada que a unidade é de extrema importância para a saúde da população campo-grandense e que existem questões técnicas em relação aos repasses. As questões burocráticas estão sendo analisados em conjunto com o Conselho Municipal de Saúde, inclusive o órgão vai debater o convênio nesta quarta-feira (29). 

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com as assessorias de imprensa do Hospital de Câncer de Barretos e da SES para saber a respeito do convênio e possível fechamento da unidade na Capital, porém não obteve respostas.

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