Capital

Saúde testa dependência de paciente para reduzir enfermeiros no HR

Plano para aplicar medida foi criado pela diretoria da instituição e aprovada em colegiado, mas conselho vê precarização

Tainá Jara | 18/01/2020 18:24
Nesta sexta-feira, pronto atendimento do HR tinha 24 pacientes para um enfermeiro e um técnico de enfermagem, segundo Coren-MS (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)
Nesta sexta-feira, pronto atendimento do HR tinha 24 pacientes para um enfermeiro e um técnico de enfermagem, segundo Coren-MS (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

A administração do Hospital Regional (HR), em Campo Grande, vai testar grau de dependência de pacientes para aplicar plano de contingenciamento de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Medida vai ser aplicada mesmo com processo de interdição ética da unidade em tramitação, desde novembro do ano passado. A sobrecarga de profissionais é o motivo para o pedido, além de falta de insumos.

Em nota, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) explicou que plano de contingência de pessoal de enfermagem foi criado pela diretoria do setor e aprovado pelo colegiado, neste mês. “Visamos com isso manter a qualidade da assistência prestada aos usuários atendidos pelo HRMS”.

A proposta deste plano é avaliar diariamente as escalas de enfermagem e compara-las com escala de Fugulin, responsável por determinar o grau de dependência do paciente da equipe de enfermagem, observando o perfil de cada categoria (cuidados mínimos, intermediário, alta dependência, semi-intensivo, intensivo) e assim configurando inúmeras decisões.

A frente do processo para interdição ética da unidade, o presidente do Coren-MS (Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso do Sul), Sebastião Junior Henrique Duarte, discorda da metida. “O contingenciamento é prejudicar ainda mais a população”, explica.

Segundo ele, nesta sexta-feira, no PAM (Pronto Atendimento) da Unidade, em determinado momento, havia uma enfermeira e um técnico de enfermagem para atender 24 pacientes da área verde (com pacientes de pouca urgência).

Conforme relatório de fiscalização da entidade, o deficit atual é de 291 enfermeiros e 197 técnicos. Em reunião realizada entre representantes dos servidores e o secretário de Saúde, Geraldo Resende, no final do ano passado, foi dito que não há previsão de realização de concurso devido à intenção de transferir a gestão do Hospital Regional a uma OS (Organização Social), podendo assim haver contratação de mais trabalhadores conforme o regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

O HR tem orçamento próximo de R$ 400 milhões por ano, conta com 330 leitos e 2.171 funcionários. No ano de 2018, a unidade realizou 65 mil consultas, 27 mil atendimentos no PAM, 14.588 internações e 6.500 cirurgias. O hospital é referência em cardiologia e gestação de alto risco.

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