Capital

Santa Casa vai ‘fechar’ psiquiatria ainda na primeira quinzena de setembro

Diretor afirma que leitos serão transferidos para o Nosso Lar e hospital continuará bancando custeio

Anahi Zurutuza e Richelieu de Carlo | 05/09/2017 13:36
Esacheu Nascimento em entrevista ao Campo Grande News na manhã desta terça-feira (Foto: Richelieu de Carlo)
Esacheu Nascimento em entrevista ao Campo Grande News na manhã desta terça-feira (Foto: Richelieu de Carlo)

A Santa Casa deve transferir dez leitos para o Nosso Lar e acabar com ala psiquiátrica do maior hospital de Mato Grosso do Sul ainda na primeira quinzena de setembro. A informação é do diretor-presidente da ABCG (Associação Beneficente de Campo Grande), Esacheu Nascimento, que nesta terça-feira (5) confirmou o fechamento do setor.

O diretor explica que a negociação de um convênio com a direção do Nosso Lar está na fase final de elaboração. A própria Santa Casa continuará custeando os gastos, por exemplo, com a equipe médica. “Estamos fazendo uma parceria com o Nosso Lar que tem duas alas desocupadas, vamos transferir e vamos bancar”, explicou.

Esacheu defende que é uma forma de otimizar recursos. “Isso é gestão. Mantemos 10 médicos para cuidar desses pacientes. É uma ala que gera R$ 440 mil de despesa para o hospital, um absurdo”, argumentou.

O gestor da Santa Casa explica ainda que ala psiquiátrica tem 40 leitos e que a Prefeitura de Campo Grande, que administra os recursos do SUS (Sistema Único de Saúde), só custeia dez.

“Há dois anos a Santa Casa tem baixa demanda de pacientes psiquiátricos e temos uma estrutura muito grande. Por isso, não é fechar leitos, é transferir”, alega.

A reportagem tentou entrevista com a direção do Nosso Lar, mas até o fechamento da matéria, a informação no hospital era que os diretores estavam em reunião.

Fachada da Santa Casa, que deve fechar ala da psiquiatria neste mês (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

Protestos – A informação de que a Santa Casa cogitava fechar o setor de psiquiatria começou a circular nesta segunda-feira (5). O boato gerou protestos de funcionários e médicos do setor, além de outros profissionais da área. As manifestações circularam em grupos de WhatsApp e foram feitas pelas redes sociais.

Até então, a preocupação de médicos psiquiatras era com a extinção das 10 vagas, o significaria a redução de 20% dos leitos que são ofertados pelos hospitais capacitados em oferecer o atendimento na área, considerando que no total, o município possui apenas 52 vagas.

Questionada a Sesau (Secretaria de Saúde do Município) informou que não concorda com a medida e a Coordenadoria de Saúde Mental disse que encara a questão com preocupação, pois a medida pode prejudicar a assistência à pacientes que necessitam deste atendimento em específico.

Por meio de nota, a secretaria ainda diz que “tem buscado insistentemente um entendimento com o hospital, justamente por conta da necessidade de se manter o atendimento à população. Inclusive, propôs aumentar em pelo menos seis vezes o financiamento do serviço, entretanto o hospital se mantém irredutível”.

Hoje, além da Santa Casa, o município tem convênio com o Hospital Nosso Lar (30 leitos) e Hospital Regional (12 leitos) para tratamento psiquiátrico.

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