Capital

Rodoviária aposta na auto estima para "sobreviver" ao abandono e tristeza

Alan Diógenes | 02/03/2015 10:02
Projetos sociais são promovidos com comerciantes, usuários de drogas e garotas de programa para levantar a auto-estima. (Foto: Alcides Neto)
Projetos sociais são promovidos com comerciantes, usuários de drogas e garotas de programa para levantar a auto-estima. (Foto: Alcides Neto)
Administradora do terminal disse que ações têm surtido resultado. (Foto: Alcides neto)

Para manter os 135 comerciantes que ainda relutam em deixar a antiga rodoviária, a administração do Centro Comercial Condomínio Terminal do Oeste tem trabalhado com ações sociais para levantar a autoestima dos lojistas diante do abandono do local. No piso superior, por exemplo, existem apenas três espaços abertos e os funcionários dos estabelecimentos trabalham em meio à sujeira e forte odor de fezes de pombos.

A administradora do terminal, Rosane Nely de Lima, informou que desenvolve um projeto em parceria com a Associação de Redução de Danos chamado “Tamo”, que significa “Estamos na Rua”. “O trabalho é feito com comerciantes que estão com baixa autoestima e desanimados com a situação que se encontra a antiga rodoviária. É bem interessante e tem ajudado muito, por que muitos deles nos procuram para reclamar do abandono do local”, explicou.

Além de atender os comerciantes, o projeto dá ajuda assistencial social e psicossocial com usuários de drogas, garotas de programa e travestis que vivem pelas proximidades. “Somente no ano passado conseguimos fazer 12 internações”, mencionou Rosane.

Outro projeto denominado “Travessias” leva à antiga rodoviária órgãos como SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social), Funtrab (Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul) e Funsat (Fundação Social do Trabalho de Campo Grande), para confeccionar carteiras de trabalho, carteiras de identidade e prestar assistência social. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde Pública) também leva ao local o projeto “Consultório da Rua” com testes de HIV e doenças sexualmente transmissíveis e faz o acompanhamento das pessoas doentes.

A ajudante de restaurante e garota de programa que pediu para ser identificada como Loira, 42 anos, é uma das participantes dos programas. “Difícil é acordar cedo para trabalhar e encontrar esta realidade. Trabalho no restaurante na parte da manhã e a tarde faço meus programas. É horrível vir para cá logo cedo e me deparar com a sujeira e abandono da antiga rodoviária. Se você viesse aqui há uns dez atrás iria enxergar a diferença, dá até tristeza de pensar”, comentou.

Loira falou que uma de suas tristeza é o fato de sua clientela ter caído após a desativação da rodoviária. “Antes eu até dispensava clientes, hoje encontro um ou dois. Isso me desanima bastante, por que é umas das únicas formas de eu sobreviver”, destacou.

Ela contou que ainda sofre com o preconceito, por isso procurou ajuda com a administração do terminal. “A gente escuta muitos comentários das pessoas que dizem que tem medo de vir aqui e serem roubados pelas prostitutas, isso é um absurdo e não acontece. Sobre minha profissão acredito que cada um é cada é faz o que quer da vida. Eu gosto do que faço, preciso ganhar meu dinheiro e não tenho ninguém para sustentar. Mas as vezes me sinto deprimida por ser só”, finalizou.

No sábado (28) o Campo Grande News publicou matéria falando do abandono da antiga rodoviária e como a população campo-grandense enxerga isso e o que espera que o poder público faça. No domingo (1º) publicou que os comerciantes que ainda permanecem no local, estão "fidelizando" clientes para continuar com as lojas abertas.

Nesta terça-feira (3), a matéria completa vai trazer os projetos da prefeitura para revitalizar a antiga rodoviária.

Cenário revela completo abandono com o prédio público/privado. (Foto: Alcides Neto)
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